O SERTÃO DA GRANDE ESPERA
O país que sediará a Copa de 2014 já está autorizado a gastar bilhões e mais bilhões na construção de estádios, hotéis e aeroportos, mas ainda não viu que precisa resolver o problema de seu próprio povo, que foi vítima das enchentes em Pernambuco e nas Alagoas.
O que se nota é que onde termina o descaso, inicia-se a falta de compromisso social e onde termina a irresponsabilidade, inicia-se a farsa e a mentira, aliadas a megalomania em querer mostrar ao mundo que somos uma nação rica e que nela existe igualdade regional.
Se no passado o nordeste foi a porta para a colonização do Brasil, iniciada com seu descobrimento em 1500 (se a História não tiver errada ou se tudo não passar de uma farsa), nos últimos três séculos tem sido a pátria do esquecimento, do abandono e do descaso, patrocinado por sucessivos governos, que aqui constroem 'elefantes brancos' e ensinam nossas crianças a 'bater bombo' ao invés de educá-las e torná-las cidadãs do mundo, dando-lhe uma profissão e ensinando-a a pescar ao invés de oferecer uma esmola em forma de 'bolsa escola'.
Enquanto a Copa de 2014 não chega, ficam as imagens que seguem abaixo.
Em nossa grande espera, não sei onde erramos, se pedimos água demais ou se as enchentes de Pernambuco e de Alagoas são resultantes de nossas próprias lágrimas, represadas nos últimos cinco séculos por todas as gerações do povo nordestino.
Atônico e quase sem esperança vem à mente - como numa prece contínua - a ‘Súplica’ que já não é mais cearense e hoje adquiriu uma conotação de todo o nordeste, que chora num lamento mudo a perda de muitos de seus filhos.
Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará.
Carregamos o sagrado fado da coragem ‘severina’, somos senhores sem mundo e de mãos calejadas.
Nos últimos meses, o gesto franciscano da prece ingênua e sincera sempre ostentado pelo povo nordestino, cedeu lugar para a dor e para as lágrimas, que aumentam ainda mais as enchentes, que vitimaram nossos irmãos pernambucanos e alagoanos.
Mas, isso é assunto passado!
Esse ano tem política, tem eleição.
Passou a Copa e não deu para o Brasil.
Passou a Copa e não deu para o Brasil.
Talvez dê para Dilma ou sobre para o Serra. Um ou outro ganhará, enquanto que nós nordestinos continuaremos rasgando com as mãos a terra em busca do pão ou contemplaremos o horizonte da miséria enquanto que muitos de nós carregarão nas costas o desenvolvimento do país, servindo de ‘bucha’ e de mão de obra barata, no sudeste ou sul.
TRISTE VIDA SEVERINA essa nossa, assim dizia o JOÃO, aquele parente de CABRAL, que, por sorte, nasceu perto do MEL(o) da fortuna e foi NETO de algum senhor de engenho. Mas, mesmo assim - diferente dos 'homens' de governo - teve coração para ‘ver’ como é TRISTE NOSSA VIDA SEVERINA e como é duro viver no SERTÃO DA GRANDE ESPERA.
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Essa página de reflexão foi escrita por José Ozildo dos Santos - meu marido e companheiro de todas as horas - professor e historiador norte-riograndense, agregado à cultura paraibana. Espero que gostem. Bjs. Deixem seu comentário.
Um comentário:
nossa mãe muito bom o blog, parabens a senhora se superou, continue com esa criatividade e força, para vencer barreiras, a vida é assim,e os obstaculos sao feitos para serem derrubados, desculpe nao fuçar muito, é que tem muita coisa e ainda to aprendendo a mecher aki kkkkkkkk, bejo mãe ganhou mais um visitante assiduo bejoooo!!
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Bjussss Rosélia Santos.