24 de agosto de 2010

PERYLLO DOLIVEIRA


 Rosélia Santos

             Peryllo Doliveira nasceu na antiga povoação de Cacimba de Dentro, município de Araruna-PB, em 4 de dezembro de 1898. Saiu de Araruna aos 15 anos. Em 1917, estreou no Teatro São José, no Rio de Janeiro. Em 1920, fez uma tournê pelo interior do Brasil desde o norte de Minas até o Rio Grande do Norte. Em maio de 1920, retornou a Paraíba, completamente anônimo.
            Até 1923, dedicou-se ao teatro. Depois, ingressou na imprensa e na vida literária, tornando-se mais conhecido. Sendo um dos iniciantes, do modernismo na Paraíba.
             Conseguiu publicar seus primeiros versos na Era Nova, revista que marcou época no modernismo. Integrante da Revista passou a assinar uma "crônica social" na coluna Noticiário Elegante, e uma na coluna Notas de Arte.
            Publicou as seguintes obras: "Canções que a Vida me Ensinou" (1925), "Caminhos Cheios de Sol" (1928) e "A Voz da Terra" (1929), dedicado ao presidente João Pessoa, seu último trabalho. Às primeiras horas do dia 26 de agosto de 1930, aos 32 anos, faleceu.


EU AMO A VIDA PELA GLÓRIA DE VIVER

Eu amo a Vida na harmonia dos meus versos
e na grandeza do meu sofrimento.
Amo-a, pelos instantes de tristeza
e pelas horas de melancolia,
e pelos sonhos místicos que andam dispersos
nos silêncios ignotos do meu ser.

Amo-a por tudo quanto vejo,
por tudo quanto sinto
- pela efêmera alegria
que nasce e morre num momento,
pela esperança que não chega a ser desejo,
pelo desejo que não chega a ser instinto...

E a vida,
recompensando o meu amor,
todos os dias canta aos meus ouvidos
uma nova canção de glorificação
à minha dor.

A sua voz, então,
fica nos meus sentidos,
ressoando,
num ritmo lânguido de sonho,
a se espalmar
suavemente...
devagar...

A voz da vida fica na minha alma
qual numa concha a voz do mar.

E a minha alma recorda, sem saber,
todas as coisas lindas que sonhou
e, a reviver
o que ficou atrás, no meu caminho,
vai cantando baixinho...
vai cantando as canções que a Vida me ensinou...

****
**
*
JUNHO

Ternura da chuva caindo, caindo...

Mente quem diz que a chuva chora.
Nela há apenas um pouco de melancolia.

Ao meu ver a chuva está sorrindo...
Um sorriso que é triste... é triste mas faz bem.

Tenho vontade de ir lá fora
banhar-me todo de melancolia.

E como é terna a chuva na luz fria
desta manhã que é como o sorriso de alguém
que não sabemos de onde vem
mas que chega sorri e vai-se embora...
Um sorriso que é triste mas faz bem.

Ternura da chuva caindo, caindo
na manhã fria...

Minha alma está lá fora
toda molhada de melancolia...


Para os amantes de uma boa poesia, com muito carinho. Deixem um comentário bjusssssss

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