14 de maio de 2011

O TERROR PROVOCADO PELO OXI


A nova droga que está se espalhando rapidamente pelo Brasil. O OXI está sendo tratado pelos médicos como algo mais letal que o crack, considerado até agora a mais devastadora das drogas. Mas é consumido por pessoas que não sabem disso, porque é vendido em bocas de fumo como se fosse crack. “O OXI invadiu os postos de venda tradicionais. Isso preocupa”, diz o delegado Reinaldo Correa, titular da Divisão de Prevenção e Educação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo.
A primeira apreensão confirmada do OXI em São Paulo ocorreu quase por acaso. Em março, a polícia apreendeu 60 quilos de algo que foi classificado como crack. O equívoco foi corrigido quando esse carregamento foi usado numa demonstração para novos policiais. “Queimamos algumas pedras e, pelos resíduos, concluímos que era OXI”, afirma Correa. Quase diariamente, a polícia de algum Estado do Brasil anuncia ter apreendido a droga pela primeira vez.
Em alguns casos, como em Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, as primeiras apreensões foram feitas na semana passada. Não é que o OXI surgiu em tantos lugares em tão pouco tempo. Ele já havia se espalhado sem ser notado.
Como o crack, o OXI é vendido em pedras que, quando queimadas, liberam uma fumaça. Inalada, em poucos segundos vai para o cérebro, provocando euforia e bem-estar. “Visualmente, são quase idênticas”, diz Correa. A diferenciação pode ser feita pela fumaça, que no caso do crack é mais branca, ou pelos resíduos: o crack deixa cinzas, enquanto o OXI libera uma substância oleosa. Por causa da dificuldade em distinguir uma droga da outra, é impossível ter exata noção da penetração do OXI entre os usuários. “Sabemos apenas que ele está aqui há algum tempo”, afirma Correa.
Recente nos Estados mais ao sul do país, o OXI é velho conhecido dos viciados da Região Norte. Acredita-se que a droga entrou no Brasil ainda na década de 1980, a partir de Brasileia e Epitaciolândia, cidades do Acre que fazem fronteira com a Bolívia. O consumo da substância foi registrado por pesquisadores em 2003, quando Álvaro Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda), pesquisava o uso de merla, outro derivado da cocaína, entre os acrianos. “No primeiro momento, o OXI era usado pelas classes sociais mais baixas e por místicos que iam ao Acre atrás da ayahuasca (chá alucinógeno usado em cerimônias do Santo Daime)”, diz Mendes. A droga chegou à capital, Rio Branco, de onde se espalhou para outros Estados da região. “Hoje, é consumida em todas as classes sociais
A fumaça da droga chega aos pulmões e cai na corrente sanguínea. No cérebro, cria prazer de curto prazo, enquanto o corpo é corroído.

OS EFEITOS DO OXI

Boca – A fumaça do OXI é aspirada. Na boca provoca a perda de dentes, queimaduras nos lábios e necrose de tecidos.

Pulmões – Os alvéolos dos pulmões levam as substâncias da fumaça à corrente sanguínea. O pó do cal provoca enfisema.

Sistema circulatório – No sangue, o OXI leva oito segundos para chegar ao cérebro.

Cérebro – A droga aumenta a concentração da substancia responsável pelo prazer, a dopamina. O uso da droga pode provocar derrame, perda de memória, dificuldade de raciocínio e concentração.

Coração – O OXI eleva os batimentos cardíacos e estreitamento dos vasos sanguíneos, o que aumenta os riscos de hipertensão e infarto.

Estomago – A inalação da droga leva à vômitos e diarréia.

Fígado e rins – Eliminar as toxinas da droga sobrecarrega os órgãos levando a graves inflamações.

Também é preciso que o serviço de saúde tenha exata noção das substâncias que compõem o OXI, a fim de entender seus efeitos e propor tratamento adequado. Por enquanto, faltam estudos laboratoriais que atestem a composição da substância.
Na década de 1980, a Alemanha queria montar uma política para diminuir as mortes provocadas por overdose de heroína. Descobriu-se que o que estava matando era uma versão da droga com aditivos. Somente a partir dessa constatação o serviço de saúde organizou a melhor forma de tratamento. O Brasil suspeita, mas não tem certeza, do que é feito o OXI. Saber é o primeiro passo de uma longa batalha contra a nova droga.

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Bjussss Rosélia Santos.