É muito difícil falar
da morte. Mas, infelizmente ela está presente em todos nós. Ela é inevitável e
é a única certeza que temos em nossa vida.
A morte é um tema
mórbido para uns e para outros uma constante presente em sua existência.
Li sobre três ideias
estudadas sobre a morte:
A primeira – Temos a
morte como o começo de uma nova vida. Essa ideia é difundida pela maioria dos
segmentos religiosos e implica na imortalidade da alma.
A segunda – A morte
como o fim do ciclo de vida, do destino do homem. Essa ideia, tem como base a
paz, o descanso final para o homem.
A terceira – A morte
como possibilidade existencial. Algo presente na vida inteira do ser humano.
Partindo dessa
terceira opção surge a angústia humana, o medo e as incertezas. Para onde
vamos? O que sentimos?
Uns mais cedo, outros
mais tarde, uns de forma lenta, outros de forma mais trágica, e por fim, os que
têm o privilégio de cumprir todo o seu ciclo chegando a velhice e morrendo de
forma tranquila e às vezes, até sorrindo.
A morte é muitas vezes
encarada como algo a ser evitado, postergado. E, embora parte da vida, certeza
do final, morrer é o principal adversário de viver. Isso faz todo o sentido do
mundo. Pois, enquanto estamos vivendo, estamos lutando desesperadamente e buscando
forças para continuar a vida e, neste sentido, a morte, o morrer, elimina
qualquer possibilidade de vencer esta luta.
No sentido espiritual,
pensamos na continuidade, memórias, lembranças. São tais sentimentos, que nos
mantém mais confortáveis. São essas prevalências que nos mantém ligados a uma
pessoa que se foi.
Contudo, a verdade é
que, a morte, interrompeu todo o processo, modificou nossas possibilidades e
mudou os rumos de nossas vidas. E, a luta entre o viver e o morrer continua,
mesmo com a certeza que a vida se completa com a chegada da morte.
Quanto ao medo, esse
sentimento confunde. Pois, não sabemos se o nosso medo é
o medo de morrer ou medo do que vem depois da morte. Só se sabe que no sentido
mais amplo de transformação, a morte é mais profunda e definitiva. Pois, nos
arrebata para uma realidade totalmente desconhecida e inexplicável.
Só sei que, a repulsa
à ideia da morte é a dor. Não importa a época, a língua, a classe, a história,
o motivo, dor é dor! A dor de perder alguém, não requer remédios, requer
aceitação, treino, muita paciência para que nossa trajetória torne-se
construtiva. Falando assim, parece muito fácil. Mas, não é! A dor violenta
nossa alma, destrói nossa compreensão. E, até que tudo isso passe é preciso aceitar
aos poucos essa violação.
Perder alguém é ser
tomado por um estado de catagonia, ficar como se fosse um morto vivo, um robô,
sem domínio, sem vontade de nada. Assim, apenas uma parte continua totalmente
viva por ser necessário. Porém, a outra não se encontra por um longo período.
Este período é denominado de LUTO.
A superação só se é
possível após todo um processo de treino, paciência e aceitação. Isso, não
significa esquecer, fingir que nada aconteceu, e sim, superar, aceitar e
continuar vivendo. Não é fácil. A morte marca nossa alma.
Para alguns
estudiosos, o ser humano passa pelos seguintes estágios ao perder alguém:
Negação: nesse estagio
surgem inúmeras ações. Acreditar que a pessoa que faleceu voltará, manter todos
os pertences da mesma intactos ou mesmo negar o sofrimento da perda, tentando,
de forma inconsciente, mostrar que nada aconteceu.
Raiva: culpar alguém,
procurar responsáveis pela dor que está sentido. É ter certeza que tudo poderia
ter sido diferente. Como se eu estivesse perto... e se o médico tivesse feito
isso ou aquilo... se ele não tivesse saído..., etc.
Barganhar: é tentar
negociar. Fazer magias, promessas, psicografias. Esses recursos são buscados
por aqueles que neles creem.
Depressão: esse é o
mais comum dos estágios. Ficar deprimido é estar mais perto da realidade e com
isso sofrer vendo de perto a devastação que a morte causou. Contudo, trata-se
de um estágio perigoso. Pois, a depressão é considerada a maior ladra da vida
de um ser humano. Sua permanência tem que ser combatida. Caso contrário, lhe
rouba o trabalho, a família, a saúde, a fé e o futuro, levando também consigo,
qualquer expectativa de aceitação diante da morte.
A aceitação significa
que nos tornamos capazes de ver, falar sobre o assunto morte. Significa deixá-la
ir por onde ela deseja ir. Pois, não temos controle sobre isso.
Não quero com essas
palavras dizer que esqueceremos fácil, que não sofreremos nunca mais. Quero
dizer que os que ficam têm uma chance de encarar as transformações advindas e
que há necessidade de mudar junto com a vida e com a morte.
Quando conseguimos
entender a morte como a outra face da vida, podemos dar a esse sofrimento uma
forma mais amena e, tentar viver e não sobreviver. É preciso ter consciência de
que a morte nos deixa ciente de que tudo passa nessa vida e que nada é para
sempre.
É preciso dizer adeus
a quem nos deixa. Mas, dizer que a morte é parte da vida nos faz crer que só
existe um final. Acho que é muito mais que isso. Particularmente, acredito que
cada situação, cada começo tem seu fim. E o que há na morte é a saudade, é o
encerramento de uma história na terra.
Por fim, temos a vida
e vivemos. Não sabemos quando nem como vamos morrer.
E chegando ao fim,
nada sei. A serenidade de uns, o espanto de outros, o medo de quase todos,
unem-se a um mesmo sentimento: a dúvida.
Enquanto vivo, procuro
seguir o que ensina o poeta francês Paul Fort:
Amemos-nos na terra.
Enquanto vivos, sem constrangimento.
Não no cemitério...
Amemo-nos, mas já, neste momento.
Depois teu pó e o meu pó serão joguetes
do vento...
Rosélia
Santos
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