A febre
é um sintoma comum manifestado pelo corpo durante uma infecção e, na maior
parte dos casos, não é perigosa. Quando a vítima do problema é uma criança,
entretanto, os pais não sossegam enquanto nenhum medicamento lhes for
prescrito. Mas, segundo um estudo publicado na versão online do Journal of
Pediatrics nesta última sexta-feira (25), a atitude precipitada por ser
perigosa. Pesquisadores das instituições Butler University e a Indiana
University, nos Estados Unidos, descobriram que tratar crianças doentes com
remédios comuns contra febre aumenta o risco de problemas renais.
Para a pesquisa, a equipe analisou dados médicos do
Riley Hospital for Children, em Indianápolis, de janeiro de 1999 a junho de
2010. Nesse período, o hospital recebeu mais de mil pacientes com lesão renal
aguda. Após excluir casos em que o problema era decorrente de doenças que
afetavam a função renal, os especialistas encontraram 27 casos em que os danos
foram causados pela administração de anti-inflamatórios não esteroides. Isso
significa que aproximadamente 3% das crianças foram internadas pelo excesso de
cuidados.
Embora a porcentagem seja baixa, os danos
relacionados à administração precipitada desse tipo de medicamento se mostraram
bastante graves. Cerca de quatro pacientes se tornaram dependentes de diálise e
pelo menos sete sofreram danos permanentes nos rins. Assim, especialistas
reforçam que os pais devem ter paciência e esperar, pelo menos no começo, que o
corpo combata a infecção. De qualquer forma, não deixe de consultar um médico.
Vendidos sem prescrição médica, anti-inflamatórios
têm sido usados de maneira abusiva pela população. No Brasil, 80 milhões de
pessoas têm o hábito de se automedicar, segundo levantamento da Associação
Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma). De acordo com Rosany
Bochner, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a automedicação é decorrente de uma
questão cultural. “Todas as casas têm um monte de medicamentos e as pessoas
cada vez mais pensam que sabem resolver seus problemas sem a ajuda do médico”,
afirma.
Além do risco de danos colaterais, outro problema
da automedicação é o risco de dependência. Tomar anti-inflamatórios toda vez
que se tem dor nas costas, por exemplo, pode virar um vício, fazendo com que o
princípio ativo do remédio não faça efeito no organismo quando for realmente
necessário. O mesmo acontece com relação aos descongestionantes nasais. Quando
usado frequentemente, ainda que em pequenas quantidades, sofre uma diminuição
progressiva do seu efeito. Em outras palavras, se antes o indivíduo precisava
de um comprimido para melhorar, agora precisa de dois.
Por fim, a automedicação pode mascarar os sintomas,
fazendo com que o indivíduo demore a procurar um médico. “O atraso no
diagnóstico pode ser sério e levar à morte”, alerta Rosany Bochner.
Independente do problema, portanto, o ideal é sempre buscar um profissional
antes de adotar qualquer método de tratamento, mesmo os caseiros.
Fonte: msn.minhavida.com.br/
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