O governo discute
uma nova alternativa para facilitar a validação de diplomas de Medicina obtidos
no exterior. A ideia é alterar a metodologia do Revalida, exame exigido de
profissionais interessados em trabalhar no País. Pela proposta, a definição do
padrão de dificuldade das questões, hoje atribuição de professores e médicos,
passaria a ser feita por alunos no fim do curso. Defensores da
mudança afirmam que a medida tornaria o exame mais justo. “Não faz sentido
aplicar uma prova mais difícil para médicos que se formam no exterior. O padrão
tem de ser o mesmo”, afirma o deputado Rogério Carvalho (PT-SE), que acompanha
as discussões.
O número de
brasileiros interessados em validar o diploma no Brasil deve crescer. Ontem, o
Estado mostrou que, depois de Bolívia e Cuba, a Argentina é o novo destino de
estudantes que desejam cursar Medicina mas não conseguem vaga em uma
universidade pública e não têm recursos para pagar um curso particular, cuja
mensalidade custa, em média, R$ 5 mil.
Para preparar a
prova, questões são classificadas como de baixo, médio e alto grau de
dificuldade. Nos Exames Nacionais de Desempenho de Estudantes (Enade) e do
Ensino Médio (Enem), o padrão de calibragem das questões é feito por meio da
análise de desempenho de testes aplicados a estudantes.
Quando a tarefa é
desempenhada por professores e profissionais em atividade, dizem defensores da
tese, o grau de dificuldade do exame naturalmente é mais elevado. “Claro que o
aluno tem uma avaliação distinta de um profissional”, avalia Carvalho.
A mudança nas
regras do Revalida é discutida desde 2012. A medida é considerada como uma
saída de curto prazo para aumentar a oferta de profissionais no mercado, como
quer a presidente Dilma Rousseff.
Uma das ideias em
debate é uma espécie de estágio para graduados em uma lista de faculdades. Os
alunos receberiam uma autorização provisória para trabalhar na rede pública por
certo período. Terminado o prazo, o profissional poderia continuar trabalhando
no País, sem necessidade da realização do Revalida.
Em janeiro, a
Associação Brasileira de Municípios (ABM) entregou carta endereçada a Dilma
exigindo a adoção de medidas para resolver a falta de médicos no mercado. Entre
as propostas estava o incentivo para “importação” de médicos formados no
exterior. Prefeituras afirmam que, diante da falta de médicos, têm de se
submeter a “leilões” para poder contratar profissionais.
Entidades médicas
contestam os dados. Afirmam que o maior problema do País não é a baixa
quantidade de médicos, mas a distribuição irregular dos profissionais.
“Defendemos uma política de fixação de médicos, a criação de uma carreira de
Estado, como a de juiz: com progressão de carreira, incentivos”, afirma o
presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’Ávila.
Ele argumenta que,
mesmo se houvesse poucos profissionais, a última alternativa deveria ser a
flexibilização das regras do Revalida. “Nenhum país sério faz isso. E o
resultado sabemos muito bem qual seria: médicos despreparados para população
mais carente. O problema de saúde pública não seria resolvido. No máximo seria
uma solução no papel.”
estadao.com.br/
Por:Lígia Formenti
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
Fique a vontade e volte quando quiser.
Deixe seu comentário no quadro abaixo.
Bjussss Rosélia Santos.