Motivado pelo
grande número de pedidos sobre arquivos envolvendo óvnis -objetos voadores não
identificados - apresentados com base na Lei de Acesso à Informação, o
Ministério da Defesa abriu ontem (18) o primeiro canal de comunicação com
estudiosos sobre o assunto, chamados ufólogos, em reunião ocorrida na capital
federal.
“Foi uma reunião
super-histórica e inédita, não só no Brasil como em todo o mundo. Nunca um
ministério da Defesa recebeu ufólogos para debater o tema”, disse à Agência
Brasil o editor da revista UFO, Ademar José Gevaerd.
Segundo o coronel
da Aeronáutica Alexandre Emílio Spengler, responsável pelo Serviço de
Informações ao Cidadão do Ministério da Defesa, o tema é, disparado, o mais
buscado entre os cidadãos que fazem uso da Lei de Acesso à Informação para
pedidos dirigidos à área militar, o que acabou dando mais relevância à abertura
de diálogo entre governo e estudiosos.
“Até o momento foram
107 pedidos. Só para a Força Aérea foram feitas 65 solicitações. Em segundo
lugar, com apenas 27 pedidos, estão as informações sobre remuneração de
militares”, informou à Agência Brasil o coronel.
Os ufólogos
ficaram otimistas com a recepção. “As autoridades deixaram claro que o ministro
[da Defesa] Celso Amorim respeita a ufologia e o trabalho dos ufólogos, e que
vão levar adiante a ideia de estabelecer, com a Comissão Brasileira de
Ufólogos, um canal de comunicação para alcançarmos, sem obstáculos ou desvios,
as três Forças Armadas, sempre que precisarmos de informações sobre o assunto”,
disse Gevaerd.
Os entendimentos
iniciados com o governo brasileiro serão divulgados mundialmente pelos
estudiosos brasileiros. “Isso será informado a ufólogos de todo o mundo na
semana que vem, quando participaremos do Congresso Mundial de Ufologia em
Washington. Sem dúvidas, todos os holofotes estarão sobre o Brasil”,
acrescentou.
De acordo com o
Ministério da Defesa, dos 107 pedidos de informação relacionados a óvnis, 26
foram deferidos e resultaram na entrega de algum tipo de documento ao
solicitante. Os demais foram negados.
“Todos negados,
até o momento, o foram por não termos a informação ou por ela ainda estar sob
sigilo”, explicou Spengler. Segundo ele, há a possibilidade de o sigilo estar
justificado pelo fato de envolver “assuntos relacionados à segurança nacional”.
Alguns deles, classificados como secretos ou ultrassecretos.
O Comando da
Aeronáutica já entregou os documentos não classificados relativos a óvnis ao
Arquivo Nacional, por determinação de uma portaria. Há, segundo a Defesa,
alguns documentos do Exército que não foram entregues porque foram extraviados.
“O Exército já
admitiu que parte dos documentos pode ter sido destruída, o que de fato era
permitido por um decreto de 1977 [Decreto 79.099], que permitia a destruição de
documentos sigilosos, bem como de eventuais termos pedindo a destruição”,
informou Spengler. Segundo ele, não há estimativas sobre o número de documentos
destruídos sob respaldo do decreto.
Entre os
documentos mais solicitados pelos ufólogos, mas ainda sem resposta, está o da
Operação Prato, ocorrida no município de Colares (PA), na década de 70, em que
militares da Aeronáutica fizeram uma operação tendo por base relatos de cidadão
da região sobre avistamentos de objetos luminosos. Segundo os ufólogos, durante
o episódio, médicos atenderam a diversas vítimas de queimaduras causadas pelos
óvnis.
A expectativa é
que, a partir do próximo 1º de junho e no máximo até a mesma data do ano que
vem, após seguir os trâmites legais, as autoridades comecem a divulgar
informações sobre casos como este.
Em nota divulgada
pelo Ministério da Defesa, o secretário de Coordenação e Organização
Institucional do Ministério, Ari Matos, disse que as informações que ainda não
se tornaram públicas são exceções, e que a regra geral é “disponibilizar todos
os documentos”. Segundo ele, alguns casos ainda têm que obedecer ao prazo
legal, “mas isso é uma questão que em breve será solucionada”.
Fonte:uol.com.br/
Pedro Peduzzi
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