Os “Lobos” ameaçam
a revolução pacífica que o papa Francisco promove e usam a inércia e sua
personalidade latino-americana como armas para desprestigiá-lo, afirma o
vaticanista Marco Politi em entrevista concedida à AFP neste sábado.
Para o
especialista em assuntos da Santa Sé, o primeiro papa latino-americano da
história tem uma estratégia precisa que gera resistência em certos setores.
“Está em curso uma
batalha muito séria entre o projeto reformista de Francisco e seus vários
opositores. É uma oposição silenciosa, mas que se manifesta de forma muito
agressiva em certos portais da internet” - explicou Politi após lançar seu novo
livro: Francesco tra i lupi (Francisco entre os lobos).
Por intermédio
destes portais, numerosos grupos católicos ultraconservadores, tanto da Europa
como da América Latina, manifestam sua rejeição à política de abertura de
Francisco e o acusam de “entregar a catedral” a judeus, protestantes e
muçulmanos.
“Há uma blogueira
mexicana muito dura. São em geral portais ultratradicionalistas. Acusam o Papa
de demagogia, populismo, de diminuir o primado papal, de promover uma ‘protestantização’
da Igreja e falar excessivamente da pobreza”.
“Há oposições, no
plural. Há prelados a favor de um ponto e contra outro. Alguns estão a favor da
comunhão para os divorciados que se casam novamente, mas não aceitam que as
mulheres tenham cargos de poder na Igreja. Outros pensam que não se deve ser
tão duro com os homossexuais, mas rejeitam a legalização do casamento
homossexual”.
Como o santo dos
pobres que inspirou seu nome de pontífice, o Papa argentino quer transformar os
lobos em cordeiros e espera vencer as resistências através do exemplo, do
diálogo, da humildade e dos gestos emblemáticos.
“Há muita
resistência passiva, inércia. Não fazem nada, apenas esperam”.
“Os lobos são os
adversários na cúria, fora da cúria, o mundo econômico. Existe uma espécie de
aliança transversal”, observa Politi, editorialista do jornal italiano Il Fatto
Quotidiano.
“Francisco está
mexendo com grandes interesses econômicos e a ameaça de um atentado contra ele
(...) é muito séria”, disse o vaticanista ao citar as medidas do Papa para
garantir transparência no Instituto de Obras para a Religião, também conhecido
como Banco do Vaticano, acusado por décadas de lavagem de dinheiro.
Alguns prelados
criticam com frequência a falta de postura do Papa, que age como um
latino-americano afável. “É uma maneira que alguns na cúria encontraram para
diminuí-lo, para reduzi-lo a uma personalidade folclórica”.
“Mas Francisco
quer humanizar a figura do Papa, perder o sabor de imperador romano, os sapatos
e a capa vermelha, o título de máximo pontífice...”
“A verdade é que é
o único papa da era moderna que vem de uma metrópole. Ele não é do ‘fim do
mundo’, vem de uma metrópole com mais de 15 milhões de habitantes, onde
convivem culturas, religiões e etnias diferentes”, destaca Politi sobre Buenos
Aires.
“Isto lhe dá uma
abertura e uma visão que outros papas não tiveram. Por isso foi capaz de levar
um judeu e um muçulmano na sua viagem à Terra Santa”.
“Noto que os
episcopados de todo o mundo não tomam posição a favor de sua política
reformista. É estranho. Todos tendem a dizer: vamos ver no que vai dar. Uma
inércia total, não apresentam documentos ou programam iniciativas a seu favor”.
Francisco “quer
que surjam diversas posições, que haja debate, que votem. Uma grande
experiência parlamentar, como no Concílio Vaticano II, na década de 60. Os dois
sínodos sobre a família, em 2014 e 2015, são etapas favoráveis para a
mobilização”, conclui Politi.
Fonte: terra
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