Loemy
Marques, 24, não para quieta. A abstinência está no auge. Observa duas fotos
suas na capa da revista “Veja São Paulo”. Na primeira, aparece linda, nos
tempos de modelo. Na segunda, a imagem atual, após dois anos de vício em crack
e morando na rua.
“Você
precisa decidir qual das duas você quer ser”, diz um amigo, tentando impedi-la
de voltar ao fluxo nome dado à aglomeração de viciados que hoje fica na esquina
da rua Helvétia com a alameda Cleveland, na cracolândia, região central de São
Paulo. “Estou confusa, quero fumar”, diz ela. ex-modelo
Loemy, 24, anda pela cracolândia no centro de São Paulo a procura de pedras de
crack.
É tarde de sábado (22). Loemy senta-se e levanta-se várias
vezes de uma cadeira de plástico na sede do Recomeço, projeto do governo
estadual para tratar dependentes, enquanto é disputada por equipes de programas
de TV.
A
ex-modelo que virou craqueira ficou “famosa” a partir da divulgação de sua
história, naquele mesmo dia.
Ela
contou à revista que começou a fumar crack em 15 de setembro de 2012, quando
teve dois celulares e R$ 800 roubados por dois bandidos.
Foi
então que alguém colocou um cachimbo com a droga na boca dela, e veio uma
sensação descrita como “uma tomada para carregar”.
Vítima
de abusos do padrasto na infância, voltou a sofrer abuso na cracolândia. Para
manter o vício, também chegou a se prostituir.
“Não
viemos explorar a tragédia dela”, diz um produtor de TV. “O que estamos
oferecendo é uma proposta de final feliz, ela vai para um hotel, para uma
clínica. Mas queremos exclusividade”.
Enquanto
isso, o funcionário de outra emissora se oferece para comprar um maço de
cigarros para ela. Para irritação do primeiro, ela sai por alguns minutos com o
homem. Quando volta, segura um Marlboro vermelho e um chocolate Diamante Negro.
Uma
das equipes oferece que Loemy vá para um hotel.
Loemy
Marques, 24, que vive hoje na cracolândia, tentou carreira de modelo em SP.
“Não
quero. Não consigo ficar sozinha lá”, diz. “Estou acordada há dois dias. Vou
ficar acordada até apagar e depois me interno no Cratod (centro estadual de
referência de álcool e outras drogas)”.
Da
última vez que a preparadora de modelos Debora Souza, 36, viu Loemy, já a
encontrou na casa de um amigo em “estado deplorável”. “Mas não sabia que ela
tinha ido parar na rua”, afirma.
Loemy
passou por cursos na Skin Model, onde Debora trabalha. “Foi em meados de 2012.
Ela estava crua ainda”, conta. “Mas tinha todo o potencial do mundo, uma beleza
estilo anos 80”.
Debora
conta que começou a receber queixas de indisciplina. “Ela ficava muito
revoltada de não ser aprovada no casting [seleção] e tinha comportamentos
súbitos de gritar com as pessoas”, diz. “Outra vez, gostaram dela, mas no meio
da prova de roupa ela saiu para fumar e voltou com a roupa cheirando cigarro”.
Longe
das passarelas, Loemy chegou a tentar se internar e voltar para o interior de
Mato Grosso, onde vive a família. No fim, sempre acabava voltando à
cracolândia.
No
domingo (23), Loemy continua no fluxo.
Quando
não está fumando crack, anda de um lado para o outro e, às vezes, abaixa-se
para procurar algo no chão.
Poucos
ali a conhecem, mas muitos se identificam com a história dela.
“Eu
era engenheiro mecânico até um ano e meio atrás. Saí com uma prostituta, fumei
uma pedra e hoje não consigo sair daqui”, diz um homem de 36 anos, ao ser
questionado se a conhecia.
Apesar
do 1,79 m de altura, Loemy passa despercebida no meio dos demais viciados.
Com
o cachimbo na mão, não quer conversa. Enfia-se entre as dezenas de barracas
onde os viciados fumam e desaparece de vista.
A
folha
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Bjussss Rosélia Santos.