23 de agosto de 2010

FLORBELA ESPANCA

ESPAÇO FLORBELA

Sempre gostei de poesia, mas sempre fui seleta com o que leio. E, quando li pela primeira vez a obra poética de Florbela Espanca, fiquei encantada e nunca mais larguei seus livros. Sua poesia preenche o vazio dos corações, alimentando a alma e embelezando o ser. E, é esta poesia de arte e de sonhos, que vocês irão encontrar nesse espaço - o Espaço Florbela, criado para todos aqueles amantes da boa poesia, que apresenta o amor como razão de tudo.


FLORBELA ESPANCA 

Rosélia Santos

              Considerada a maior expressão da poesia em Portugal, Florbela Espanca nasceu na Vila Viçosa, no Alentejo, em 8 de dezembro de 1894, sendo filha ilegítima de João Maria Espanca e de Antônia da Conceição Lobo. Educada pelo pai e pela madrasta, Florbela estudou no liceu de Évora. No entanto, somente em 1917, já casada, concluiu seus estudos básicos, ingressando em seguida na Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa.
              Na capital portuguesa, manteve contatos com outros grandes poetas de sua época, tendo também participado de um grupo de mulheres escritoras, no qual procurou impor-se. Nesse período, colaborou em vários jornais e revistas, entre os quais o ‘Portugal Feminino’. Em 1919, publicou a sua primeira obra poética (Livro de Mágoas).
              Em 1921, divorciando-se de seu primeiro marido Alberto Moutinho, casou-se com o oficial de artilharia Antônio Guimarães.
              Seu segundo livro de poesia (Livro de Sóror Saudade) foi publicado em 1923. Dois anos mais tarde, casou-se pela terceira vez com o médico Mário Laje, de quem, pouco tempo depois, separou-se. Em finais de 1930, agravando-se seus problemas de saúde, principalmente os de ordem psicológica, Florbela Espanca morreu em Matosinhos, vitimada por um edema pulmonar.
              A maior parte de sua obra literária veio a público, postumamente, quando se publicou-se: ‘Charneca em Flor’ (1930), ‘Cartas de Florbela Espanca’ (1930), ‘Juvenília’ (1930), ‘As marcas do destino’ (1931, contos), ‘Cartas de Florbela Espanca II’ (1949), ‘Diário do último ano seguido de um poema sem título’ (1981) e ‘Dominó preto ou dominó negro’ (1982, contos).
             Sua poesia é caracterizada pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão e do desencanto. De uma forma que é somente sua, Florbela Espanca alia a ternura e o desejo de felicidade numa descrição jamais alcançada. Ela possui uma linguagem marcadamente pessoal e passional, cheia de sensualismo e centrada em suas próprias frustrações e anseios.
              Figura exótica da literatura portuguesa, Florbela não se filiou a nenhum movimento literário. Seu estilo, embora próximo do neo-romantismo, também possui aspectos modernistas, de cujo movimento, foi alheia.
              Em seus versos - como ninguém - em voz feminina, cultivou excessivamente a paixão, o amor e o desejo. E, sua poesia embora apresente alguns vícios, continua suscitando interesse por parte de leitores e investigadores.

A POESIA DE FLORBELA ESPANCA

AMAR

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e Aquele, ou Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder... pra me encontrar...
****
**
*
É UM NÃO QUERER MAIS QUE BEM QUERER

Gosto de ti apaixonadamente,
De ti que és a vitória, a salvação,
De ti que me trouxeste pela mão
Até ao brilho desta chama quente.

A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... e essa canção
Foi ritmo nos meus versos de paixão,
Foi graça no meu peito de descrente.

Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira.

E eu, que era neste mundo uma vencida,
Ergo a cabeça ao alto, encaro o Sol!
- Águia real, apontas-me a subida!

2 comentários:

Bebedores do Gondufo disse...

Gostei do blog.

Rosélia Santos disse...

Obrigada! Volte sempre ou siga-me será um prazer.

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