Já dizia o pai da psicanálise, Sigmund Freud,
“estar apaixonado é estar muito mais próximo da insanidade do que da razão”.
Sua afirmação encontra sentido se pensarmos numa relação que sai do modo
angelical para entrar no modo destrutivo onde uma pessoa se torna dependente da
outra e a coloca acima de tudo em sua vida.
É preciso compreender o mecanismo de uma
relação assim. Segundo a psicóloga clínica e psicoterapeuta Triana Portal, uma
relação destrutiva é aquela em que a angústia e a dor prevalecem sobre os
momentos de prazer e paz de espírito.
“Historicamente, as mulheres são mais
propensas a submeter-se a dor e ao desprazer. Isso se dá por questões culturais
enraizadas e ainda pela interligação entre dependência amorosa e financeira. É
claro que isso já foi mais evidente no passado, mas hoje temos as lacunas
deixadas pelos casamentos desfeitos, o que propicia a elas embarcar neste tipo
de relacionamento”, explica a psicóloga. Aquelas mulheres com baixa autoestima,
com tendência à depressão, aquelas que sofreram recorrentes decepções amorosas
ou que tiveram ausência ou modelo disfuncional de pai ou até mesmo uma infância
traumática costumam aceitar uma relação assim. Como há pessoas com um talento
especial para atrair relacionamentos destrutivos, a psicóloga alerta que é
preciso ter cuidado com os tipos possessivos, os agressivos, os narcisistas,
aqueles que sofrem de baixa autoestima, de falta de prazer na vida e cheio de
culpas sem remédio.
O medo de ficar sozinha, de ver o parceiro
com outra pessoa, de não conseguir ter um novo amor ou ainda de não suportar a
dor da perda são alguns dos sintomas para elas se envolverem ou permanecerem em
relações doentias. “Algumas mulheres carregam um vazio interior tão profundo
que não conseguem buscar forças em si mesmas. Muitas vezes, refletir sobre a
existência é algo tão doloroso que elas acabam projetando no outro toda a
responsabilidade por sua felicidade”, observa Triana.
Já os homens, são menos ligados a sentimentos.
Isso não significa dizer que não existem homens por ai que sofrem com o mesmo
tipo de problema. Contudo, há uma minoria que se alimenta de relações doentias.
“Digo alimentar-se porque algumas pessoas, geralmente com histórico familiar
disfuncional, se tornam viciadas em sofrimento, engendram e não conseguem sair
do ciclo destrutivo”, observa Triana. “O homem destrutivo abusa da simulação,
da mentira, tem histórico que sugere seu perfil, tende a culpar sempre os
outros por suas desventuras, comportamento pouco consistente, oscilações de
humor e vícios”, ressalta Triana.
O importante é saber identificar o que é uma relação
dramática para que se tome uma posição enquanto há tempo. Ou seja, em casos
assim, o ideal é procurar um profissional. É necessário enxergar e assumir seus
defeitos, o que, em alguns casos, é dificílimo. A disponibilidade emocional
para a mudança tem que partir da própria pessoa e, ainda assim, pode ser um
processo longo. “Padrões arraigados têm força enorme sobre o ser humano. A
tendência para a repetição é inerente à existência e lutar contra ela requer
muita força de vontade e trabalho terapêutico”, destaca a psicóloga.
O ideal é sair dessa relação e cortar
vínculos. Quando se tenta “desmamar” da relação, as chances de recaídas são
imensas. Nessas situações, a ajuda de um psicólogo é fundamental.
Se existe a vontade tanto da parte do homem
quanto da mulher de tornar a relação mais saudável, uma terapia de casal pode
ajudar. “Mudanças comportamentais e de temperamento requerem muito empenho e
dedicação pessoal”, explica a psicóloga clínica.
Tenha claro para si o que quer para sua vida
e reflita muito antes de tomar a decisão. E, quando tomá-la, mantenha-se fiel
aos seus objetivos. Pense de forma objetiva, racional e ampla. Mantenha a mente
ocupada com amigos, trabalho, ginástica, por exemplo. Livre-se das lembranças,
fotos, agendas e exclua o/a “ex” das redes sociais. Evite situações que possam
precipitar uma recaída e procure imaginar o futuro com essa pessoa e esse
relacionamento pernicioso: se não quer isso para você, então, corte de vez!
Fonte:estilo.br.msn.com/
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