3 de fevereiro de 2013

PAIXÃO INSANA



Já dizia o pai da psicanálise, Sigmund Freud, “estar apaixonado é estar muito mais próximo da insanidade do que da razão”. Sua afirmação encontra sentido se pensarmos numa relação que sai do modo angelical para entrar no modo destrutivo onde uma pessoa se torna dependente da outra e a coloca acima de tudo em sua vida.
É preciso compreender o mecanismo de uma relação assim. Segundo a psicóloga clínica e psicoterapeuta Triana Portal, uma relação destrutiva é aquela em que a angústia e a dor prevalecem sobre os momentos de prazer e paz de espírito.
“Historicamente, as mulheres são mais propensas a submeter-se a dor e ao desprazer. Isso se dá por questões culturais enraizadas e ainda pela interligação entre dependência amorosa e financeira. É claro que isso já foi mais evidente no passado, mas hoje temos as lacunas deixadas pelos casamentos desfeitos, o que propicia a elas embarcar neste tipo de relacionamento”, explica a psicóloga. Aquelas mulheres com baixa autoestima, com tendência à depressão, aquelas que sofreram recorrentes decepções amorosas ou que tiveram ausência ou modelo disfuncional de pai ou até mesmo uma infância traumática costumam aceitar uma relação assim. Como há pessoas com um talento especial para atrair relacionamentos destrutivos, a psicóloga alerta que é preciso ter cuidado com os tipos possessivos, os agressivos, os narcisistas, aqueles que sofrem de baixa autoestima, de falta de prazer na vida e cheio de culpas sem remédio.
O medo de ficar sozinha, de ver o parceiro com outra pessoa, de não conseguir ter um novo amor ou ainda de não suportar a dor da perda são alguns dos sintomas para elas se envolverem ou permanecerem em relações doentias. “Algumas mulheres carregam um vazio interior tão profundo que não conseguem buscar forças em si mesmas. Muitas vezes, refletir sobre a existência é algo tão doloroso que elas acabam projetando no outro toda a responsabilidade por sua felicidade”, observa Triana.
Já os homens, são menos ligados a sentimentos. Isso não significa dizer que não existem homens por ai que sofrem com o mesmo tipo de problema. Contudo, há uma minoria que se alimenta de relações doentias. “Digo alimentar-se porque algumas pessoas, geralmente com histórico familiar disfuncional, se tornam viciadas em sofrimento, engendram e não conseguem sair do ciclo destrutivo”, observa Triana. “O homem destrutivo abusa da simulação, da mentira, tem histórico que sugere seu perfil, tende a culpar sempre os outros por suas desventuras, comportamento pouco consistente, oscilações de humor e vícios”, ressalta Triana.
O importante é saber identificar o que é uma relação dramática para que se tome uma posição enquanto há tempo. Ou seja, em casos assim, o ideal é procurar um profissional. É necessário enxergar e assumir seus defeitos, o que, em alguns casos, é dificílimo. A disponibilidade emocional para a mudança tem que partir da própria pessoa e, ainda assim, pode ser um processo longo. “Padrões arraigados têm força enorme sobre o ser humano. A tendência para a repetição é inerente à existência e lutar contra ela requer muita força de vontade e trabalho terapêutico”, destaca a psicóloga.
O ideal é sair dessa relação e cortar vínculos. Quando se tenta “desmamar” da relação, as chances de recaídas são imensas. Nessas situações, a ajuda de um psicólogo é fundamental.
Se existe a vontade tanto da parte do homem quanto da mulher de tornar a relação mais saudável, uma terapia de casal pode ajudar. “Mudanças comportamentais e de temperamento requerem muito empenho e dedicação pessoal”, explica a psicóloga clínica.
Tenha claro para si o que quer para sua vida e reflita muito antes de tomar a decisão. E, quando tomá-la, mantenha-se fiel aos seus objetivos. Pense de forma objetiva, racional e ampla. Mantenha a mente ocupada com amigos, trabalho, ginástica, por exemplo. Livre-se das lembranças, fotos, agendas e exclua o/a “ex” das redes sociais. Evite situações que possam precipitar uma recaída e procure imaginar o futuro com essa pessoa e esse relacionamento pernicioso: se não quer isso para você, então, corte de vez!

Fonte:estilo.br.msn.com/

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