Mães de estudantes
da escola Alcimar Nunes Leitão, localizada no bairro Universitário em Rio
Branco, denunciam que alunas entre 11 e 12 anos estariam praticando automutilação,
dentro da unidade. Ao G1, duas mães, que preferem não se identificar, afirmam
que ao menos 10 crianças estariam se cortando, no que elas chamam de ‘pacto de
sangue’. Procurada pela reportagem, a direção do colégio nega que a prática
esteja ocorrendo nas dependências da escola e afirma que os casos são isolados.
Uma das mães conta
que descobriu que as duas filhas estavam se ferindo após receber uma ligação do
colégio. “A escola me ligou, quando cheguei na coordenação do colégio, havia
uma relação com o nome de pelo menos 10 crianças. Em cima dessa lista tinha uma
lâmina de barbear e a lâmina de um apontador, ainda com sangue. A coordenadoria
ligou para os pais de todas as meninas”, relata.
Segundo ela, os
adolescentes do colégio estariam se cortando e estimulando uns aos outros a
fazerem o mesmo. “Uma das mães me disse que as meninas continuam fazendo isso.
Que agora elas fazem um círculo, uma se corta e se a outra não tiver coragem,
outra pessoa corta ela. Já me falaram que elas chupam o sangue uma da outra. A
minha filha não fala sobre o assunto, quem me contou sobre o pacto foi o meu
sobrinho”, afirma.
Segundo a
estudante, de 11 anos, que se cortou duas vezes, a prática era feita até mesmo
dentro da sala de aula. Quanto ao motivo, ela diz que não sabe, que
simplesmente as colegas faziam e a convidaram. A prática ainda é feita em
outras turmas.
“Aconteceu dentro
da escola. As meninas estavam se cortando, mas não sei o motivo, e me chamaram
para participar. Elas estavam se cortando com lâminas do apontador e ficavam se
cortando dentro da sala ou pegavam de casa e traziam para cá. Eu fiz duas
vezes, mas já parei. Na minha sala, ninguém mais está fazendo, mas eu sei de
meninas do 6º ano C que ainda estão fazendo”, fala.
Outra mãe, que
também preferiu não se identificar, diz que a filha de 11 anos se cortou uma
única vez com a tampa da caneta. O caso ocorreu há quase um mês e ela garante
que o caso já se resolveu. A filha também cursa o 6º ano.
“Ela falou que
tinha feito raspando com a tampa de caneta. O que a minha filha me falou é que
uns meninos maiores tinham feito um desafio dizendo que elas não tinham coragem
de fazer aquilo. Então, elas fizeram para mostrar que tinham coragem”, conta.
De acordo com a
direção do colégio, o número de crianças que estariam se automutilando é menor
do que o apontado pelas mães. “Entre 450 adolescentes que temos pela manhã,
temos conhecimento que quatro que fazem isso”, afirma a diretora Vaneide Braga
Marim.
Ela desconhece o ‘pacto
de sangue’ e afirma que as jovens estão se automutilando em casa. A pedido dos
pais, a escola pretende fechar parceria com uma universidade para que possa
oferecer palestras com psicólogos para as mães e as adolescentes. “As mães
trouxeram a sugestão de um psicólogo, para ver como poderiam ajudar. Estamos
com o documento pronto, apenas aguardando que a faculdade nos diga como se dará
a parceria. A nossa sugestão é que eles façam palestras com a presença das
mães, sobre como lidar com problemas de adolescentes, a questão do corte e do
bullying”, diz.
A mãe reclama, no
entanto, que a escola estaria demorando muito para contatar o psicólogo. “Ontem
fez 15 dias que procuramos a escola. Desde então esse documento não passou de
um simples rascunho. Isso aí tem que ser investigado, eu tenho uma relação de
13 crianças que estão fazendo isso e ela fica falando que são casos isolados”,
afirma. Ela nega também que as filhas estejam se cortando em casa. “Na
minha casa elas não fazem”, assegura.
A mãe conta que a
filha mais velha começou a se automutilar na esperança de ficar popular entre
os colegas. Já a mais nova estaria fazendo isso porque se sentia sozinha. “Estava
chateada que as amigas não queriam saber dela”, diz.
Outra mãe, que
também pede para não ser identificada, afirma que decidiu retirar a filha do
colégio com medo que ela começasse a se cortar. “Minha filha não se envolveu
nisso porque eu resolvi retirá-la da escola, mas as meninas da sala dela
estavam se cortando”, disse.
Ela conta que
descobriu sobre as mutilações após ver uma foto no perfil de um aplicativo da
filha. “Ela colocou uma foto do braço de uma menina no perfil do Whatsapp. Eu
conversei com ela e ela me contou o que estava acontecendo. Ela disse que tinha
vontade de fazer, mas não dizia o motivo. Isso me preocupou muito, então
resolvi tirá-la do colégio”, fala.
A escola afirma
não ter conhecimento das jovens continuarem se cortando, mas ressalta que os
pais devem prestar atenção nos filhos para que os casos não voltem a ocorrer. “Nós
pedimos para as mães tenham um pouco de cuidado em casa, observem se os filhos
estão praticando isso em casa. Tem que ficar mais vigilante”, afirma Vaneide.
G1.com
Por: Veriana
Ribeiro e Caio Fulgêncio do AC
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