A ministra do Planejamento, Miriam Belchior,
afirmou neste sábado (20) que a presidente Dilma Rousseff ficou “perplexa” com
o erro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2013. Em uma
entrevista coletiva em que quatro ministros destacaram apenas os pontos
positivos da Pnad, Miriam relatou que se reuniu com a presidente da República e
outros integrantes do primeiro escalão nesta sexta (19), logo após ser
informada dos equívocos na pesquisa do IBGE.
Na pesquisa (Pnad), a
desigualdade de renda proveniente do trabalho, por exemplo, diminuiu em vez de
aumentar, como primeiramente constava na pesquisa divulgada. O índice de
desigualdade anunciado primeiramente para 2013 foi 0,498 – o número correto,
segundo o instituto, é 0,495.
Comissões de investigação
Indagada se a presidente do IBGE, Wasmália
Bivar, seria demitida, Miriam Belchior disse que o governo não tomará qualquer
providência antes que as duas comissões que serão criadas para apurar o caso
concluam os trabalhos. Diante da falha do IBGE, o Executivo federal decidiu
instalar um colegiado para avaliar a consistência da Pnad e uma sindicância
para encontrar as razões da falha e identificar os eventuais responsáveis.
As duas comissões terão 30 dias, renováveis
por mais um mês, para apresentar um relatório. De acordo com Miriam, o governo
já selecionou os nomes dos especialistas independentes que irão analisar o
conteúdo da pesquisa. No entanto, disse Miriam, a relação não será divulgada
porque os escolhidos ainda não foram consultados. Ela informou que a portaria que
irá nomear os integrantes da comissão será publicada na próxima terça (23).
Já a comissão de sindicância, que terá a
responsabilidade de tentar identificar os responsáveis pelo erro na elaboração
da pesquisa, será composta por representantes de três ministérios (Justiça,
Casa Civil e Controladoria-Geral da União).
Depois de uma breve fala, a ministra do Planejamento deixou a coletiva e o ministro de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, passou a fazer uma análise dos índices corrigidos da Pnad, com o objetivo de destacar que a desigualdade está em queda. Ele citou o trecho da pesquisa que aponta queda nas diferenças de renda familiar per capta.
Depois de uma breve fala, a ministra do Planejamento deixou a coletiva e o ministro de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, passou a fazer uma análise dos índices corrigidos da Pnad, com o objetivo de destacar que a desigualdade está em queda. Ele citou o trecho da pesquisa que aponta queda nas diferenças de renda familiar per capta.
Segundo Néri, o índice foi de 0,527 em 2011
para 0,524 em 2012 e 0,522 em 2013. Quanto mais próximo de 1 mais desigual,
portanto a diminuição seria positiva.
O ministro afirmou que, apesar de não ter
dados consolidados, 2014 terá a maior queda na desigualdade nos últimos 10
anos. Néri também ressaltou que o rendimento dos brasileiros cresceu, em média,
5,5% por ano entre 2011 e 2013.
No entanto, os dados revelam queda de
crescimento em 2013. De 2011 a 2012, o crescimento médio da renda foi de 7,66%,
enquanto de 2012 a 2013, esse percentual foi de 3,46%.
Néri, contudo, minimizou a desaceleração. “O
ano de 2012 e 2013 foi bom em termos de crescimento da renda, mas 2011 a 2012
foi muito melhor, e ainda foi o ano do pibinho”, disse o ministro dos Asssuntos
Estratégicos, em referência ao crescimento baixo, de 0,9% do Produto Interno
Bruto (PIB) em 2012.
Dados positivos
O ministro da Educação, Henrique Paim, também
foi convocado a discorrer sobre os dados “positivos” do setor. Ele repetiu os
números corrigidos nesta sexta e disse que ressaltou melhora nos índices de
escolarização de crianças de 0 a 3 anos.
A última a falar para ressaltar os dados do
Brasil foi a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza
Campello, responsável pela administração do Bolsa Família. “A renda cresce para
todos os brasileiros, o salário real cresceu. Isso é um dado importante. Ou
seja, o mundo em crise e o Brasil continua com crescimento”, enfatizou.
A titular do Desenvolvimento Social também
pediu que as pessoas não se “apeguem” a “pequenas variações” negativas dos
índices de um ano para o outro e foquem na “tendência” que os dados revelam.
“A luz do sol é sempre o melhor dos remédios.
A gente tem que destacar isso como um valor. A segunda questão, que acho que é
uma aprendizagem para o país é que a avaliação de políticas públicas ela tem
que olhar uma tendência longa. Todo mundo que se apegou a micro variações de
0,1 para tirar consequências dramáticas errou. Então vamos verificar as grandes
tendências”, afirmou.
Pedido de desculpas
A presidente do IBGE, Wasmália Bivar,
classificou na sexta-feira os erros de “extremamente graves” e pediu desculpas,
em entrevista no Rio de Janeiro nesta sexta. No mesmo dia, a ministra do
Planejamento, Miriam Belchior, anunciou que serão criadas duas comissões – uma
para avaliar a consistência da Pnad e outra para encontrar as razões da falha e
identificar os eventuais responsáveis.
“O governo está chocado com esse erro
cometido pelo IBGE. Como disse a presidente do IBGE, é um erro gravíssimo e em
razão disso o governo decidiu constituir uma comissão de especialistas
independentes para avaliar a consistência da Pnad e constituir uma comissão de
sindicância para encontrar as razões do erro e, eventualmente, as
responsabilidades funcionais do porquê isso aconteceu”, disse a ministra.
Além da alteração na desigualdade de renda, o
índice de analfabetismo caiu de 8,7%, em 2012, para 8,5% em 2013 - e não 8,3%
como primeiramente informado. O número médio de anos de estudo dos brasileiros
com dez ou mais anos de idade aumentou de 7,5 para 7,6.
Os números corretos da divisão da população
entre sexos são de 51,4% (mulheres) e 48,6% (homens). A taxa de desocupação foi
mantida em 6,5%, como originalmente informado, uma alta em relação a 2012 que
era de 6,1%. Mas o aumento da população desocupada, segundo o anúncio do IBGE,
foi menor: não era 7,2% e sim 6,3%. São 6,6 milhões de pessoas desocupadas.
Também houve correção sobre a queda de
emprego de jovens entre 5 e 17 anos. O dado correto é de 10,6%.
Fonte: wscom.com
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