Beber leite pode
não proteger nossos ossos de fraturas e poderia até aumentar o risco de uma
pessoa morrer de doença cardíaca, de acordo com um novo estudo na Suécia,
publicado no “British Medical Journal”. Uma investigação sobre os hábitos
alimentares de mais de 100 mil pessoas revelou que aqueles que bebiam mais
leite não eram menos propensos a quebrar um osso. Entre as mulheres, o maior
consumo de leite foi associado, na verdade, a um risco aumentado de fraturas da
anca.
Outro resultado
que surpeendeu os pesquisadores foi que as pessoas que bebiam mais de três
copos de leite cerca de 680ml por dia eram mais propensos a morrer ao longo do
estudo, que acompanhou 60 mil mulheres por 20 anos, e 45 mil homens por 11
anos. O efeito foi mais observado entre as mulheres, que tinham duas vezes mais
probabilidade de morrer por doença cardíaca, a condição com ligações mais
fortes ao maior consumo de leite.
Embora
potencialmente alarmante, os autores do estudo da Universidade de Uppsala
pediram cautela e disseram que a sua prova não foi forte o suficiente para
modificar as recomendações dietéticas.
As mulheres que
participaram do estudo tinham idade entre 39-74, e os homens 45-79 quando a
pesquisa começou, por isso não é surpreendente que um número significativo
morreu mais de duas décadas seguintes. O estudo foi observacional, combinando
respostas de autorrelato das pessoas de inquéritos alimentares com seus
registros médicos, o que não prova causa e efeito.
Apesar de os
pesquisadores terem levado em conta vários outros fatores, tais como taxas de
tabagismo, uso de álcool e peso, os comentaristas disseram que suas influências
podem ter sido subestimadas.
No entanto,
especialistas de vários países concordaram que os resultados merecem uma
investigação mais aprofundada.
“À medida que o
consumo de leite pode subir globalmente com o desenvolvimento econômico e o
aumento do consumo de alimentos de origem animal, o papel do leite na
mortalidade precisa ser estabelecido definitivamente agora” disse o professor
Mary Schooling, da Universidade de Saúde Pública de Nova York.
Orientações
dietéticas atuais recomendam o leite e outros produtos lácteos como boas fontes
de proteína e cálcio, essencial para a saúde dos ossos. Não há nenhuma sugestão
no estudo de que beber um copo de leite por dia não seja saudável. Os
pesquisadores não fazem uma distinção entre o leite integral, semi-desnatado ou
desnatado.
Curiosamente,
outros produtos lácteos, incluindo iogurte e queijo foram relacionados a uma
melhor saúde óssea e a um risco de mortalidade mais baixa.
Os autores
sugeriram que a causa de efeitos adversos do leite podem ser da galactose, um
tipo de açúcar, com níveis elevados no leite não fermentado, mas não nos
produtos fermentados. A conclusão foi de que a galactose tem efeitos prejudiciais,
tais como inflamação e desequilíbrios químicos em estudos com animais, mas a
evidência de seu papel na saúde humana é escassa.
Gaynor Bussell,
nutricionista de saúde pública, disse que o estudo foi interessante, mas
alertou que os questionários de alimentos não tinham o padrão ideal para a
compreensão de ingestão diária.
“Nós sabemos que o
aumento da inflamação está associada com redução da densidade óssea e assim o
efeito da galactose certamente precisa ser analisada em estudos posteriores”
afirmou Bussel. “O cálcio é necessário na dieta para a saúde óssea e nós
necessitamos de uma quantidade diária de cálcio presente em aproximadamente
cerca de um litro de leite”.
O nutricionista
explicou, ainda, que alguma cautela é necessária na interpretação dos
resultados e, assim, pediu um pouco mais de investigação nesta área que possa
fazer ou refutar esses achados, apontando que um estudo é insuficiente para
fundamentar decisões de saúde pública.
Fonte: o globo
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