Com o objetivo de
refletir sobre a atual conjuntura das políticas de sementes no Brasil e
aprofundar o debate sobre os transgênicos e suas ameaças às sementes crioulas,
será realizado no Centro de Eventos Marista em Lagoa Seca, na Paraíba, nos dias
30 e 31 de outubro, o seminário “Os transgênicos e as ameaças às sementes da
paixão”.
As “Sementes da
Paixão” foi como ficaram conhecidas na Paraíba as variedades crioulas,
multiplicadas e conservadas pelas famílias ao longo dos séculos, constituindo
um patrimônio genético da agricultura camponesa.
O seminário é uma
iniciativa da Comissão de Sementes do Polo da Borborema e tem ainda o propósito
de fazer um mapeamento do grau de contaminação das sementes da paixão para
adotar estratégias de proteção das sementes crioulas.
Participarão da atividade mais de 60 pessoas, vindas de várias regiões do estado, entre elas representantes da Rede de Sementes da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) e da Comissão de Jovens do Polo da Borborema.
Participarão da atividade mais de 60 pessoas, vindas de várias regiões do estado, entre elas representantes da Rede de Sementes da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) e da Comissão de Jovens do Polo da Borborema.
O evento acontece
dentro do processo de preparação da VI Festa Estadual das Sementes da Paixão,
que acontecerá na Paraíba em 2015 e conta com o apoio do Projeto Sementes do
Saber, cofinanciado pela União Europeia.
A programação terá
início às 9h da quinta-feira, 30 de outubro, com uma exposição sobre o contexto
atual da política de sementes. Será abordado o Plano Nacional de Agroecologia e
Produção Orgânica (Planapo) e suas oportunidades e desafios, para o trabalho de
fortalecimento da produção de sementes crioulas no Semiárido Paraibano.
No período da
tarde, será tratado o tema das sementes transgênicas e as ameaças as variedades
crioulas, as “Sementes da Paixão”. “O que são transgênicos? A quem interessa os
transgênicos? Como são produzidas as sementes transgênicas? Quais são os
resultados obtidos em campo com o plantio dos transgênicos?”, são algumas das
questões que serão levantadas. Esse momento será seguido de um debate sobre o
que pode ser feito para preservar as sementes da paixão livres da contaminação
das sementes transgênicas.
Testes de contaminação - O segundo dia do evento, sexta-feira 31, será dedicado à realização de testes a partir das amostras de milho trazidas por representantes dos vários bancos de sementes comunitários do estado da Paraíba. A ideia é montar uma estratégia de produção de sementes livres de transgênicos.
Testes de contaminação - O segundo dia do evento, sexta-feira 31, será dedicado à realização de testes a partir das amostras de milho trazidas por representantes dos vários bancos de sementes comunitários do estado da Paraíba. A ideia é montar uma estratégia de produção de sementes livres de transgênicos.
“O teste é feito
em mais ou menos 10 minutos, a técnica consiste em triturar os grãos com água
em um liquidificador e colocar em contato com uma solução aquosa até
diagnosticar por meio do auxílio de uma fita sensível o resultado como positivo
ou negativo da contaminação por transgênico”, explica Emanoel Dias, assessor
técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia que acompanha o trabalho
da Comissão de Sementes do Polo.
Em seguida, serão
entregues certificados aos agricultores e agricultoras guardiãs das sementes
livres de contaminação dos transgênicos. O evento será encerrado com um
trabalho em grupo que vai levantar estratégias para continuar o monitoramento
da contaminação dos transgênicos nos diferentes territórios de atuação da ASA
Paraíba.
Riscos à
Agrobiodiversidade - De acordo com Gabriel Fernandes, assessor técnico da
AS-PTA e coordenador da Campanha “Por um Brasil Ecológico, Livre de
Transgênicos e Agrotóxicos”, quem compra uma semente transgênica fica proibido
de replantá-la, devendo comprar sementes a cada novo plantio, tendo a sua
liberdade e sua autonomia ameaçadas: “Para garantir essa dependência as
empresas patentearam essas sementes modificadas, se tornando ‘donas’ delas. Não
contentes, querem ainda liberar as sementes estéreis, ou seja, aquelas que
produzem grãos que não são capazes de nascer novamente. Os transgênicos só
reforçam o modelo de desenvolvimento baseado na monocultura, na simplificação e
na uniformização dos ambientes. O que, com certeza, vai fragilizar os cultivos,
deixando-os mais vulneráveis ao ataque de pragas e doenças e aos períodos de
seca”, explica.
Ainda segundo
Gabriel, já existem estudos mostrando que o consumo dessas plantas pode afetar
a saúde humana e gerar pragas cada vez mais resistentes nas lavouras, que pode
gerar um uso também cada vez mais intenso de agrotóxicos.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
30 DE OUTUBRO - QUINTA-FEIRA:
9h - Mística de
abertura, apresentação dos participantes
9h30 - Contexto
sobre a atual conjuntura da política de sementes
12 - Almoço
14h - Os
transgênicos e as ameaças às sementes da paixão
17h - Encerramento
primeiro dia.
31 DE OUTUBRO - SEXTA-FEIRA:
8h - Realização
dos testes de contaminação com as variedades de milho trazidas dos diferentes
Bancos de Sementes Comunitários
10h - Trabalho em
Grupo: Definir estratégias para monitoramento da contaminação dos transgênicos
nos diferentes territórios de atuação da ASA Paraíba
13h - Almoço e
Encerramento.
Fonte: paraibaonline
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Bjussss Rosélia Santos.