Na casa de repouso
Humanitas, em Deventer, na Holanda, é comum observar longos e gostosos
bate-papos entre jovens e idosos. As conversas parecem acontecer entre netos e
avós que se gostam muito. Todos moram juntos, só que não há vínculo sanguíneo
entre eles.
Essa interação
entre gerações, que coloca sob o mesmo teto 160 idosos e seis universitários
faz parte de um projeto inovador, que começou há dois anos, quando o estudante
Onno Selbach entrou em contato com a gerente da casa de repouso, Gea Sijpkes.
Ele reclamava do excesso de barulho, das condições precárias da universidade
onde morava – com alojamentos caros e pequenos – e sugeria um intercâmbio.
Lá, os estudantes
das universidades Saxion e Windesheim não precisam pagar aluguel, desde que
passem ao menos 30 horas por mês como “bons companheiros” dos idosos. O
objetivo é reduzir a solidão dos mais velhos e acabar com a imagem negativa que
muitos têm sobre o processo de envelhecimento.
Os estudantes
participam de diversas atividades com os moradores. Preparam refeições, fazem
compras, comemoram aniversários, assistem TV e fazem companhia quando alguém
adoece. Também planejam atividades de acordo com os interesses de cada um.
Quando um grupo de
idosos demonstrou interesse por grafites, por exemplo, os alunos os levaram
para as ruas, munidos de spray e pedaços de papelão para ensiná-los sobre essa
forma de arte. Já o morador Anton Groot Koerkamp, de 85 anos, se interessou por
aulas de informática. Jurrien Johanna, seu vizinho de 22 anos, se prontificou a
ajudá-lo. Hoje, Anton já sabe navegar na internet, tem perfil no Facebook e
envia e-mails.
São relações como
a de Anton e Jurrien que rompem o isolamento social e a solidão – tão comuns
entre os idosos -, responsáveis pelo aumento dos casos de depressão e até de
mortalidade. Só que é difícil dizer quem se beneficia mais com o projeto. Os
moradores desfrutam – e muito – da presença dos jovens, mas os estudantes
também aprendem. Essa conexão entre gerações cria interações sociais positivas
e benéficas para todos os residentes da casa de repouso, sejam jovens ou
idosos. É uma belíssima forma de criar um ambiente acolhedor e acabar com a
barreira dos idosos com o mundo exterior.
Os jovens podem
entrar e sair quando necessário, desde que não incomodem os mais velhos. Mas
não é qualquer aluno que pode morar nesta simpática casa! Os interessados
passam por processo de seleção criterioso antes de se mudar para lá. Na
avaliação, são levadas em conta a origem do estudante e suas motivações para o
trabalho no local.
O projeto criativo
da Humanitas já ultrapassou as fronteiras holandesas. Intercâmbios de
gerações têm surgido na França, Reino Unido e Estados Unidos. Em alguns
países, idosos independentes alugam quartos com desconto para estudantes.
Mas os pioneiros
são os espanhóis, que começaram as experiências de habitação compartilhada em
1996, em Barcelona. Segundo a Associação Internacional de Lares e Serviços para
o Envelhecimento (IAHSA, na sigla em inglês), o programa funciona hoje em mais
de 27 cidades.
Espero que a ideia
chegue ao Brasil e, aos poucos, melhore o sistema atual de atendimento ao
idoso. Afinal, a população mundial está ficando mais velha. A vida está cada
vez mais longa, mas nascem menos crianças. E todos, sejam crianças, jovens,
adultos ou idosos, precisamos aprender a conviver com as diferenças (e com
todas as idades).
Superinteressante
Por: Vanessa
Daraya
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
Fique a vontade e volte quando quiser.
Deixe seu comentário no quadro abaixo.
Bjussss Rosélia Santos.