Um teste simples e barato para detectar a
infecção pela bactéria causadora da hanseníase foi desenvolvido por
pesquisadores americanos e será fabricado por uma empresa brasileira, a
OrangeLife. O preço máximo, segundo um acordo firmado com a empresa, será de
US$ 1.
Muitos consideram a hanseníase uma relíquia
do passado, mas, a cada ano, 200 mil pessoas são infectadas, segundo a
Organização Mundial da Saúde.
O Brasil é um dos países mais afetados. Em
2010, foram detectados 34,9 mil novos casos da doença. Índia, Filipinas,
Indonésia e República Democrática do Congo também entram no rol dos países com
maior presença da infecção.
A doença tem cura, então uma melhora do
diagnóstico precoce pode significar que, um dia, a hanseníase possa se juntar a
outros males, como a poliomielite, que estão próximos da erradicação.
Os responsáveis pelo novo teste afirmam que o
resultado sai em menos de dez minutos. O método é muito mais simples do que o
atual, que requer uma incisão na pele e a análise da bactéria ao microscópio.
“Funciona como um teste de gravidez e requer
só uma gota de sangue”, afirmou Malcolm Duthie, líder do desenvolvimento do
teste no Instituto de Pesquisa de Doenças Infecciosas de Seattle, nos EUA. “Posso
ensinar qualquer um a usá-lo”.
A facilidade de uso é importante, segundo os
pesquisadores, porque nem todas os locais onde a doença tem maior prevalência
contam com profissionais treinados para realizar o exame para detectar a
bactéria ao microscópio ou com laboratórios.
No novo teste, basta inserir a gota de sangue
em um recipiente com uma fita plástica. Em seguida, são colocadas três gotas de
uma solução. O resultado vem como o de um teste de farmácia: duas linhas querem
dizer um diagnóstico positivo.
O que é ainda mais importante, segundo
Duthie, é que espera-se que o teste detecte infecções até um ano antes de os
sintomas aparecerem. Quanto mais cedo começa o tratamento com antibióticos,
melhor é o resultado.
A hanseníase é causada pela Mycobacterium
leprae, bactéria “aparentada” da causadora da tuberculose, mas que se reproduz
de forma muito mais lenta. Os sintomas podem levar mais de cinco anos para
aparecer.
“Estamos animados com o resultado”, afirmou
Bill Simmons, presidente das Missões Americanas de Hanseníase, um grupo cristão
que combate a doença desde 1906.
A bactéria só é transmitida após um contato
próximo e prolongado. O micro-organismo se espalha para as partes mais frias do
corpo: mãos, pés, bochechas e orelha.
Os primeiros sinais visíveis são, em geral,
partes sem cor nem sensibilidade na pele. Muitas vezes, as lesões são
confundidas com as causadas por fungos ou com doenças como psoríase e lúpus.
O paciente pode sofrer queimaduras e cortes
frequentes, pela falta de sensibilidade. Os pés desenvolvem feridas. Segundo
Simmons, é aí que o doente acaba percebendo que o problema é grave e procura
atendimento. “Aí ele recebe a notícia ruim: ‘Sim’, você tem hanseníase e
gostaríamos que você tivesse vindo aqui seis meses atrás”.
Depois de seis meses, o dano nervoso pode ser
permanente. Mesmo que o paciente seja curado o que envolve um tratamento com
três tipos de antibiótico por até 12 meses ainda há o risco de desenvolver
feridas.
À medida que a bactéria atinge os nervos, os
músculos atrofiam e os dedos podem ficar curvados.
Hoje, a maioria dos pacientes é curada antes
desses danos, mas o estigma da doença ainda resiste.
VEJA A ILUSTRAÇÃO ABAIXO
Fonte folha.uol.com.br/
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