As itacoatiaras são gravuras em rochas nos
leitos dos rios. Até aí, fato conhecido. Porém, não se sabe o que elas querem
dizer nem as motivações que as levaram a ser feitas. Segundo estudiosos, as
gravuras da Pedra do Ingá foram feitas por paleoíndios, há cerca de 6.000 anos.
Eles usariam substâncias alucinógenas durante rituais de produção. Alguns
acreditam até que as inscrições foram feitas por extraterrestres.
A cidade de Ingá está localizada a 105 km da
Capital da Paraiba, João Pessoa. Encravada no agreste paraibano, guarda um dos
mais importantes achados arqueológicos do país. A Pedra do Ingá tem registros
dos paleoíndios (primeiros seres humanos a povoar o Brasil) de aproximadamente
6.000 anos atrás, que fizeram gravuras em rochas e tornaram a cidade referência
internacional. Quando o assunto são as itacoatiaras, as de Ingá são
consideradas as mais expressivas do mundo.
Tombado pelo
patrimônio histórico em 1944, o parque da Pedra do Ingá tem infraestrutura
precária e acesso difícil. No local não existe um museu, a única lanchonete
vive fechada e as visitações só são feitas com marcação de um guia, que leva o
turista ao encontro da pedra, às margens do rio Ingá.
Em Ingá há três
candidatos a prefeito disputando as eleições municipais de 2012. Contudo, nenhum
usa o potencial turístico como plataforma de governo, e a Pedra do Ingá é
assunto esquecido.
“Nas eleições a Pedra
do Ingá não é lembrada porque é uma coisa que não traz voto. Quem visita é o
estrangeiro, é o pessoal de outros estados. Como o pessoal da cidade não se
interessa, nas eleições a pedra não é lembrada”, conta o historiador e guia de
turismo oficial do parque, Dennis Mota.
Um casal que trabalha
no parque há 24 anos reclama da prefeitura, que teria tirado deles a chave do
parque, o que passou a dificultar o acesso de turistas. “Nós sempre ficamos ali
cuidando de tudo, pagava até a energia. Hoje, o parque recebe pouca gente.
Acabou a visitação porque não se divulga mais, não se faz melhoria, nada. Hoje,
no máximo, tiramos R$ 300 por mês de lá”, diz um dos trabalhadores.
A chave do parque
passou para as mãos da prefeitura após acordo com o Ministério Público.
Para a população, não
há dúvidas de que a fama das pedras poderia ser usada para melhorar a vida dos
moradores. Eles reclamam dos políticos que não fazem propostas. Todos os
moradores ouvidos pelo UOL
na cidade disseram que não existem investimentos para tornar a cidade um ponto
turístico.
“É um lugar muito
bonito, mas pouco preservado pela parte política, que não desenvolve um projeto
de melhoria. Aos poucos, o parque vai se deteriorando”, conta uma moradora da
cidade.
Já um professor, o
assunto não tem a importância que merece dos candidatos. “Não percebemos
nenhuma vontade política. Estamos num momento político, e não vemos nenhum
candidato a prefeito ou vereador tocar no assunto. É triste para a gente. diz.
O desprezo também é
percebido por outros moradores. "Até aqui não vi nenhum candidato fazer
promessa. É nosso ponto turístico, mas, infelizmente, está abandonado. Os
políticos vão lá, mas não fazem tudo que é preciso. Ali precisa de uma coisa
que chame a atenção. Era para ter um hotel, um restaurante. A gente mesmo daqui
não admira nada”, afirma um senhor aposentado da cidade.
Segundo o aposentado,
a cidade também sofre com a falta de políticas públicas para os jovens.
“Precisa cuidar dessa juventude. Hoje não temos uma faculdade para formar
eles”, diz.
Apesar de ser cidade
turística, Ingá não possui hotéis ou bons restaurantes. Parte disso pode ser
explicado pela proximidade com Campina Grande (38 km), cidade-polo do agreste
paraibano.
A falta de estrutura
faz com que Ingá seja apenas um roteiro rápido. "A verdade é que a cidade
não se movimenta com o parque. Antes, as festas de São João aconteciam aqui e
aí, sim, gerava dinheiro. Hoje não se investe no turismo, não temos boas
pousadas, bons restaurantes. É um ponto de visitação, mas só de passagem”,
afirma o guia de turismo Dennis Motta, que é funcionário da prefeitura.
Segundo ele, a
prefeitura tem interesse em fazer melhorias, com um projeto pronto, mas o
terreno onde está o parque foi desapropriado apenas no papel, sem a conclusão
da compra. O local ainda possui três donos, o que impede a execução das obras
de melhorias.
Fonte: http://uol.com.br/
Carlos Madeiro,
Fabrício Venâncio, Leandro Moraes e Noelle Marques
Obs: Houve algumas modificações no texto. O
nome das pessoas foram retirados pela autora do Espaço Único. Portanto, quem
desejar lê o texto original visite o endereço acima citado como fonte.