O cigarro e o consumo frequente de bebidas
alcoólicas sempre foram apresentados como vilões dos
cânceres de orofaringe, especialmente na região da garganta.
Embora ambos continuem sendo importantes fatores de risco, na última década
observou-se um aumento significativo de casos da doença relacionados ao vírus HPV (papilomavírus humano).
O oncologista Dr. Luiz Paulo Kowalski,
diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo
(SP), explica que houve uma mudança no perfil da doença, ou seja, “o que antes
era frequente em homens acima dos 50 anos que fumavam e bebiam, agora é mais
comum em jovens (30 a 40 anos) que fazem sexo oral desprotegido e têm vários
parceiros”.
“É uma epidemia que está começando e acredito
que por volta de 2020 o número de casos de câncer na garganta por HPV vai
superar o provocado por álcool e tabaco”. Atualmente, em São Paulo, cerca de
50% das pessoas com câncer de orofaringe foram infectadas pelo papilomavírus
humano.
Para o médico, apesar de a conscientização da
sociedade sobre os perigos do tabaco e o consequente abandono do vício, hoje o
desenvolvimento do câncer na região da boca é decorrente da mudança de
comportamento dos jovens que negligenciam o uso da camisinha.
“A principal forma de contágio é o sexo oral,
sendo que ainda existe a possibilidade de transmissão do vírus pelo beijo. Por
isso, é importante fazer sexo seguro e procurar restringir o número de
parceiros”.
Além disso, o especialista reforça que a vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenção e
deve ser administrada, de preferência, antes do primeiro contato sexual. No
entanto, a ginecologista Dra. Neila Maria de Gois Speck, professora afiliada do
departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e
membro da diretoria da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital
Inferior, avisa que ela também pode ser usada por pessoas mais velhas.
A indicação de bula é para mulheres entre 9 a
26 anos, mas trabalhos científicos mostram que ela é eficaz até os 50 anos.
Além disso, a vacina é aprovada para o uso
em homens.
Entre os sintomas do câncer de garganta, o
médico do Hospital A.C. Camargo destaca dor persistente e progressiva na
região, geralmente de um único lado, e dificuldade de engolir. Segundo ele,
como o assunto está mais conhecido pela classe médica e população em geral, o
diagnóstico se torna precoce e a chance de cura é maior.
A cura depende da extensão da doença, mas em
estágios iniciais a chance é de 90%; em casos mais avançados a porcentagem cai
para 70%. Mesmo assim, é importante o paciente redobrar as medidas preventivas
porque a doença pode voltar.
Assim como para o câncer de mama, o autoexame
na boca e garganta é importante. Dr. Kolwaski orienta olhar na frente do espelho
e procurar manchas vermelhas, brancas, feridas e bolinhas na região. Se
detectado alguma alteração, vale procurar um especialista que pode, inclusive,
ser o dentista ou otorrinolaringologista.
Caso esses profissionais desconfiem de
câncer, o oncologista será contatado e assumirá o caso.
Fonte: r7.com/
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