6 de junho de 2013

UFPE: FREEZER QUEBRA E PESQUISADORES PERDEM PARTE DO MATÉRIAL DE PESQUISAS DOS ÚLTIMOS 4 ANOS


Mais de 50 pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) perderam parte do material que desenvolveram nos últimos quatro anos, no último fim de semana, quando um equipamento do Departamento de Nutrição queimou na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. A máquina em questão era um freezer com temperatura de -80ºC, utilizado para armazenar material biológico de alto custo financeiro e científico, de relevância nacional e internacional.
“Não tem o que fazer, vamos começar tudo de novo”, foi o que disse o coordenador da pós-graduação do Departamento de Nutrição, Raul de Castro. O refrigerador mantinha pesquisas de vários lugares do mundo, uma vez que o departamento tinha convênios com universidades da França e Canadá, por exemplo. “Ontem recebi um e-mail de um pesquisador do México, preocupado. Eu disse para ele que não tinha com o que se preocupar porque perdemos tudo”, lamentou.
De acordo com pesquisadores, o equipamento quebrou após uma série de quedas de energia. O mostrador de temperatura marcava, na manhã da segunda-feira (6), um valor muito mais alto do que as amostras suportavam. Todas elas descongelaram. “Quando chegamos ao departamento, o freezer estava com 16ºC. De lá para cá, ninguém mais fez coleta, todo mundo parou mesmo, ficamos sem saber o que fazer”, afirma a doutoranda e professora do departamento, Lígia Galindo. Ela explica que o freezer guardava sangue humano e de animais, amostras de órgãos como fígado e encéfalos, tecidos musculares e outros materiais biológicos. Como não há muitos congeladores desse tipo, a máquina guardava material de outros departamento e áreas como nutrição, neuropsiquiatria, estudos de comportamento, odontologia, patologia, energia nuclear, fisioterapia e fisiologia.  O material, no entanto, ainda não foi descartado e cada caso será analisado separadamente.
Ainda segundo Raul de Castro, o refrigerador estava protegido contra quedas de energia por um gerador, que não disparou porque pifou com a instabilidade da eletricidade. “O máximo que poderia aguentar é que ele ficasse a -60°C, uma temperatura ainda razoável”, afirmou Raul. Muitos dos pesquisadores estão com os estudos parados durante esta semana por não terem como dar continuidade às análises sem o material que estava no refrigerador. Quem precisar continuar e tiver que guardar algum material à temperatura de -80ºC deve procurar outro equipamento na universidade. O freezer se encontra desligado no momento, e os pesquisadores afirmam que só vão voltar aos trabalhos quando tiverem segurança para guardar o material sem se preocupar com queda de energia. “Não adianta colocar o freezer para funcionar agora enquanto não estivermos seguros. Ainda estamos tentando consertar o gerador”, explica Lígia.
Raul reclama também do mau fornecimento de energia elétrica pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) à Cidade Universitária, além dos problemas de infraestrutura da instituição de ensino. “Isso já vem de vários anos, há várias administrações. A infraestrutura da eletricidade na universidade é precaríssima. São coisas básicas que foram deixadas de lado durante muitos anos”, reclamou o coordenador. Ele conta que, no início dos anos 2000, um incêndio que também teve origem elétrica, fez com que o departamento perdesse animais de pesquisa, atrasando diversos projetos de mestrado e doutorado.
De acordo com a professora Sandra Lopes, ainda não foi possível somar os prejuízos financeiros que o refrigerador quebrado trouxe ao departamento. “São vários anos de amostras acumulados, não conseguimos calcular. Ainda estamos em ação, muitas coisas estão em jogo”, afirmou Sandra. Todos os professores confirmaram que o reitor da UFPE, professor Anísio Brasileiro, tem prestado apoio, solicitude e solidariedade ao caso, tendo ficado a par da situação rapidamente e também tentando resolver o problema com agilidade.
Em nota oficial, a Celpe comunicou ao G1 que não registrou qualquer ocorrência nos circuitos de alta tensão que suprem o Campus da UFPE entre a sexta e a segunda-feira (6).
Fonte: g1.globo.com/
Por: Lorena Aquino

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