O visual do grupo
Slipknot sempre sugeriu um portal para o purgatório, mas a relação deles com o
Além vai bem mais longe do que se pensava. Corey Taylor, cantor e líder da
banda, principal atração da primeira noite do festival Monsters of Rock, no
sábado, às 21h40, é um cara escolado nas vivências paranormais.“Para mim, a
alma é a chave do que somos e ela continua além da nossa vida. É energia e
define o que somos e o que escolhemos ser. Muitas vezes, a alma encontra outro
hospedeiro”, disse Taylor, falando ao Estado
por telefone, na semana passada. Ele acaba de publicar o livro A Funny Thing
Happened on the Way to Heaven (Uma coisa engraçada aconteceu no caminho do
Paraíso), no qual narra suas experiências com fantasmas e seres do mundo
supernatural.
No seu livro,
Corey Taylor conta como viu o primeiro fantasma quando tinha 9 anos e diz que
espectros de crianças habitam a atual casa onde vive. Também sobrou para o
Slipknot: a banda inteira já foi aterrorizada por uma revoada de fantasmas
durante uma sessão de gravação de um disco, em Laurel Canyon, Los Angeles,
segundo o relato do cantor.
“Eu não acredito
em Céu e inferno, mas na alma que permanece. Não acredito em punição, mas
acredito em karma: uma pessoa muito má cedo ou tarde terá a retribuição daquilo
que faz em vida. Pessoas ruins atraem as coisas ruins de volta para si mesmas.
Já vi a repercussão de algo que aconteceu a uma pessoa muito ruim, que passou a
vida fazendo malvadezas”, disse Taylor, que também é vocalista do grupo Stone
Sour.
“Os cínicos vão
dizer que minhas contagens testemunhais podem facilmente ser descritas como
‘voos fantasiosos’ ou ‘armadilhas de uma mente hiperativa’. O que eu odeio mais
do que todos os outros é: ‘Você viu apenas aquilo que queria ver e nada mais
que isso’”, escreveu.
Uma das bandas
mais pesadas e insanas do heavy metal, o Slipknot volta ao Brasil dois anos
após sua passagem pelo Rock in Rio, em uma jornada de labaredas e mergulhos no
meio da plateia. Sua primeira apresentação no País foi em 2005, no Anhembi, no
festival Chimera. Não era a primeira banda de mascarados do metal, mas era uma
das mais feias (o grupo Ghost B.C., que veio ao Rock in Rio, parece que segue
seus passos dramatúrgicos).
O disco mais
recente da banda, All Hope is Gone (2008), já tem 5 anos, No ano
passado, lançaram a coletânea Antennas to Hell. E um dos integrantes do
grupo, Joey Jordison, acaba de lançar um disco solo. Duplo. Mas, agora, Corey
Taylor acha que já é chegado o momento de lançar material novo da banda-mãe.
“Há dois anos, não
estávamos muito preocupados com um disco novo, porque as músicas ainda soavam
tão frescas e potentes. Mas, agora, é chegada a hora, sabemos que temos de
fazer. Estamos fazendo sem pressa, de forma natural. Já temos quatro músicas novas,
e elas mostram uma direção muito sombria e muito pesada. Também há um senso de
melodia que flui da música. Eu definiria com uma combinação de dois álbuns
nossos, Iowa (2001) e Volume 3: The Subliminal Verses (2004). É
denso, mas as belas melodias estarão lá, como um próximo capítulo”, afirmou.
A vida do Slipknot
não é mole. Sua agressividade cênica cria problemas. Em junho de 2005, durante
sua turnê pela Europa, foram acusados pela Igreja Ortodoxa de Atenas, na
Grécia, de “promover o demônio e o satanismo”. Na época, o compositor e
percussionista Chris Fehn, um dos nove músicos sem rosto do Slipknot (os outros
são Clown, Corey, James, Joey, Mick, Paul, Sid e 133), declarou: “O nosso show
é apenas uma grande diversão, e nunca ninguém se machucou. Nós promovemos a
música, não um culto ao ocultismo”.
Corey Taylor fala
pausadamente, com clareza, e escreve com bastante jeito para se tornar
best-seller. Está em seu segundo livro (o primeiro foi Seven Deadly Sins,
sete pecados capitais, sempre na seara do sobrenatural). Ele se diz
influenciado pelos beatniks, especialmente os três grantes – William Burroughs,
Allen Ginsberg e Jack Kerouac.
Ele conta que se
lembra de ter visto imagens de Kerouac lendo On the Road no programa de
TV de Steve Allen, e acha que o ritmo, a batida, a cadência daquilo são coisas
que podem tê-lo influenciado como autor. Mas, como frontman, cadência é zero:
ele é um selvagem.
“Qualquer chance
para tocar aí no Brasil e a gente aceita. Nós adoramos, é um lugar em que os
fãs são mais apaixonados, participativos. É um local para onde irei enquanto
estiver em uma banda”, disse ele.
Fonte: O Estado de São Paulo
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