Foi anunciada nesta sexta-feira, na sede do Instituto Brasileiro dos Museus (IBRAM), a identificação de três inconfidentes mineiros, mortos há mais de 200 anos. O estudo que permitiu a identificação foi do pesquisador Eduardo Daruge, da Unicamp.
O sepultamento dos três ocorrerá no feriado de Tiradentes, próximo 21 de abril, no Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto (MG). Os restos mortais identificados são do José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa Lage e João Dias da Mota. Eles foram exilados para Portugal e África em 1792.
Os três estavam enterrados na Vila de Cacheu, na Guiné Portuguesa, numa região de aldeias indígenas.
Os restos mortais dos três só foram transferidos para o Brasil em 1932, estavam todos numa única caixa e ficaram no arquivo histórico do Itamaraty, no Rio. Só havia um crânio - em 140 pedaços e precisou ser montado - e outras centenas de fragmentos de ossos. Os restos mortais de José de Resende estava mais completo. De Domingos e João Dias restaram poucos ossos. O único com parentes vivos era Resende. Mas, mesmo com cessão de sangue, não foi possível fazer identificação por DNA. Eduardo Daruge explicou que pela idade dos ossos, não havia no material parte orgânica e, por isso, era impossível comparar com de outros parentes. Para identificar, Daruge utilizou a densitometria e muita pesquisa histórica. Ele estudou a história dos três e descobriu que Domingos morreu com 32 anos, João Dias com 50 anos e Resende com 70 anos
Descobri que, pela densitometria, é inversamente proporcional a idade a densidade óssea. Quanto maior a idade, menor a densidade do osso. E como as diferenças de idades entre os três é alta, praticamente de vinte anos, foi possível saber quem era quem - explicou Daruge, que, durante os estudos, desejou fazer escavações na África, onde forma enterrados, para localizar outros ossos. Mas foi aconselhado pelo Itamaraty a não realizar essa missão. Poderia ser perigosa.
No caso de Resende, o pesquisador conseguiu reconstituir até a face, exame feito numa universidade de Londres, a partir de tomografia do cérebro que enviou.
O diretor do Museu da Inconfidência, Rui Mourão, contou que sempre houve pressão para que os três fossem identificados, mas ele resistiu. Mourão argumentava que sem comprovação científica não os reconheceria e nem os enterraria na panteão da Inconfidência, onde estão outros treze inconfidentes.
- Sempre houve pressão muito forte, mas não poderia comprometer o panteão. Já dava o caso por encerrado. Era muita dúvida. Agora, podemos sepultá-los com segurança - disse Rui Mourão.
No sepultamento, no dia 21 de abril, estarão presentes a presidente Dilma Rousseff, o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, e a ministrada Cultura, Ana de Hollanda.
O GLOBO
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