19 de maio de 2012

A SECA QUE ESMAGA O POVO NORDESTINO II

A seca que assola e esmaga o sertão nordestino mudou a vida dos criadores de gado nos municípios que sofrem com a severa estiagem há pelo menos oito meses. Sem chuva, o pasto foi reduzido à terra seca. Com fome, e debilitados por falta de alimento, os animais estão morrendo de sede e fome, deixando Sertão afora verdadeiros cemitérios a céu aberto. Isso é desolador!
Além de não ter capim para dar aos animais, os produtores ainda são obrigados a comprar ração e complementos alimentícios a preços exorbitantes.
Animais mortos sendo arrastados pelas entradas no Nordeste tornou-se um fato comum. Mais terrível ainda, é presenciar animais mortos nos pastos e riachos secos do nosso sertão nordestino.
Tentando evitar a perda completa de seus animais, criadores preferem vender animais a preços até 50% menor que o seu valor real.

Nos municípios mais afetados pela seca, criadores afirmaram que já perderam metade de seus animais com a estiagem. Basta caminhar um pouco pela zona rural, para se deparar com carcaças de vacas e bois espalhadas pelo local. Me bastou avançar mais uns 100 metros, logo avistei e contei cinco animais mortos e a proprietária totalmente desesperada.

“É muito triste. Se não chover e o governo não ajudar vai se acabar tudo meu Deus. Não dou três meses e não vou ter mais nenhum animal vivo, até agora a água que recebi de carro-pipa só dá para casa, mesmo assim divido com os bichinhos” afirma dona Josefa.



Essa é a realidade de hoje no Nordeste, criadores obrigados a vender seus animais, por R$ 200 cada, quando poderiam cobrar R$ 400/450 por cabeça.

"Se não for assim, não posso criar o resto. Nunca vi uma seca dessa meu Deus, chegar maio numa seca dessa vixe. Do jeito que vai, não tem quem aguente muito tempo”, diz o Sr. Francisco no Sertão Pernambucano.

Com a seca, vem a falta de alimento, o capim seco a perder de vista, animais mortos por todos os lados, carcaça de outros, são regiões cinzentas e solo rachado com cheiro de morte tomadas por urubus. Todos os criadores com quem falei, disseram ter vendido pelo menos uma vaca para poder alimentar o resto do gado. Apontando para uma carroça puxada por um bezerro quase caindo, seu Demostenes de 52 anos diz: “Olha o capim que eu tô dando pros bicho”, com lágrimas nos olhos diz o Senhor, apontando para um mato seco na carroça.
Como se não bastasse tanto sofrimento, os criadores reclamam que os fazendeiros que possuem plantação de palma - que é um tipo de cacto que serve como alimento para o gado – estão vendendo o produto a preço de ouro e, não são todos que conseguem comprar. Já o farelo de trigo, milho e algodão, também estão sendo vendidos muito acima do preço normal. Ou seja, quem os possui, estão repassando até 200% mais caro. E a perspectiva é que aumentem os preços ainda mais nos próximos dias.
Enquanto isso, totalmente alheios ao sofrimento desse povo, alheios ao pasto seco, alheios a fome e sede de alguns, alheios a paisagem cinzenta, alheios a tristeza do agricultor que vê seu reservatório com o solo rachado, pois, já está totalmente desprovido de água há meses, estão alguns gestores, nos seus mundinhos coloridos olhando de lado fingindo que nada está acontecendo. Até quando? Erra você caro leitor/a quando pensa que o problema não é seu! Muito pelo contrário, a seca no nordeste é um problema de todos. Pois, todo o Brasil será afetado de uma forma ou de outra.
Há um ditado popular aqui no Nordeste que diz: todo mal traz um bem! Aqui nessa região é assim, por se tratar de um ano eleitoral, vamos tirar proveito... Em Pernambuco, por exemplo, candidatos a vereador estão abastecendo regiões mais carentes com carros pipas, em troca de votos.
Outros que se encontram no poder e tem pretensão de disputar a reeleição ou eleger seus sucessores, sem o menor comprometimento com o povo que os elegeu, também preferem ignorar a causa e agradar aqueles que não sabem o que é passar fome nem sede, não sabem o significado de ter que ver seus animais morrendo aos poucos de fome e de sede, e, decidem promover festas juninas com altos custos como é o caso de Patos – PB.
Conhecida como a capital do Sertão, a referida cidade irá promover dez dias de festas, isso depois de muita pressão por parte do povo, pois, inicialmente seriam treze dias de festa de São João, onde as atrações custariam de 150 a 280 mil reais por atração. Depois de muitas críticas, o ilustre prefeito Nabor Wanderley optou por suspender Michel Teló e Aviões do Forró. Acorda POVO!! Ainda não é o suficiente, nada mudou. A meu ver, dez dias de festa e totalmente desnecessário. Hoje são eles, amanha será a própria população da cidade de Patos que irá sofrer com a falta d’água e passar por um longo período de racionamento.     
Não sou contra as festa de São João. Sou contra o alto custo da festa, com o dinheiro do povo. Com o dinheiro que irá fazer falta aos mais pobres, a Educação, a Saúde e em toda a esfera da administração. Patos possui artistas que poderiam promover o São João na cidade por um custo bem menor.
É minha opinião, que infelizmente como a de muitos nada vale para quem está com o poder nas mãos e decide o que fazer com o dinheiro público. Esse é o Brasil que temos!  

Rosélia Santos

Um comentário:

josy disse...

o nordeste, não precisa passar por isso,se, cada um de nós ao beber um copo de água,lembrar-se que existe pessoas e animais morrendo de SEDE,e, contribuir com apenas 1 litro d'água,não haveria este tipo de sofrimento.É só nos juntarmos e combateremos esta seca que castiga o nordeste!Um, não é nada! mas, milhões são muitos....e... são vencidos!

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