As formas tridimensionais no muro e no portão dão as primeiras pistas; o painel
em baixo-relevo na fachada do imóvel não deixa brechas para dúvidas: ali mora
um artista. Wanda Dione, com quem Dorian Gray Caldas está casado há 53 anos,
atende a porta e revela o artista muito bem sentado à mesa no centro da sala,
entre telas e livros. Dorian recebeu a reportagem do VIVER para falar sobre sua
nova exposição. Em cartaz a partir de hoje, às 19h, na galeria de arte do
IFRN-Cidade Alta, “Caminhos da Modernidade” apresenta a safra atual de um dos
artistas visuais mais ativos do Rio Grande do Norte. A visitação pública segue
até o próximo dia 14 de fevereiro
Com curadoria da filha Dione Caldas Xavier,
também artista plástica e atual diretora do Teatro Alberto Maranhão, e da
professora do Instituto Federal Mára Mattos, a mostra traz quase três dezenas
de obras inéditas onde Gray refaz seus caminhos entre praias, jangadas,
casarões, autos festivos, personagens folclóricos e o cotidiano natalense.
Apesar dos temas recorrentes, o artista procura se “reinventar atento para não
me repetir” e confessa que a melhor coisas que faz são os quadros de marinas:
“Não importa o tamanho da tela, dizem que consigo imprimir toda toda a dimensão
de uma marina independente do formato”, orgulha-se.
“Caminhos da Modernidade” reúne dez telas
pequenas (20 cm x 20 cm), dez grandes (1 metro x 90 cm) e 5 médias (60 cm x 50
cm) – todas à venda. “Tudo inédito, produzi ao longo de 2013. Pinto todo dia,
tem vezes que faço dois quadros por dia”, garante. Entre idas e vindas de
pensamentos, onde adianta detalhes de seus próximos projetos (lançamento de
livro e exposição na Europa), o artista informa que uma das coisas mais tem
preguiça de fazer é assinar o nome nas obras. “Por isso dei uma estilizada com
o ‘DGray’ nos quadros e na tapeçaria. Quando é desenho assino como um cheque”.
Prestes a completar 84 anos de idade no próximo dia 16 de fevereiro, Dorian Gray Caldas, com seus cabelos brancos e grossas sobrancelhas pretas, é considerado baluarte da cultura poti, que escreve, poetiza, tece e pinta – muito provavelmente, o mais experiente entre seus contemporâneos.
Prestes a completar 84 anos de idade no próximo dia 16 de fevereiro, Dorian Gray Caldas, com seus cabelos brancos e grossas sobrancelhas pretas, é considerado baluarte da cultura poti, que escreve, poetiza, tece e pinta – muito provavelmente, o mais experiente entre seus contemporâneos.
Testemunha da Natal cosmopolita de outrora,
memórias que resistem em meio a veloz transformação urbana que a cidade
enfrenta, protagonizou ao lado do parceiro Newton Navarro e de Ivon Rodrigues a
primeira exposição modernista em Natal no início dos anos 1950. “No começo eu
era um classicista, pintava tal qual a realidade. Meu primeiro contato com o
modernismo veio por intermédio de um tio, e quando Navarro me convidou para
participar daquela exposição não tinha feito nada modernista ainda. Mesmo assim
aceitei e comecei a estudar e produzir. A transição foi fácil, a possibilidade
de interpretar me atraiu”, recorda. E lá se vão mais de 60 anos dedicados às
artes.
Dorian Gray Caldas está em plena atividade artística e também produz telas para outra exposição prevista para o meio do ano na Noruega. “O cônsul Jen Olesen, que também é curador, esteve aqui em Natal e me encomendou um quadro, um retrato dele, e ficou muito satisfeito com o resultado. Bem ligado em artes visuais, tem muita vivência na Bienal de SP, e conheceu meu trabalho quando esteve aqui pela primeira há uns três anos. Disse que meus quadros lembram Munch (Edvard Munch, 1863-1944, pintor norueguês autor d’O Grito). Comprou e fez o convite”.
Dorian Gray Caldas está em plena atividade artística e também produz telas para outra exposição prevista para o meio do ano na Noruega. “O cônsul Jen Olesen, que também é curador, esteve aqui em Natal e me encomendou um quadro, um retrato dele, e ficou muito satisfeito com o resultado. Bem ligado em artes visuais, tem muita vivência na Bienal de SP, e conheceu meu trabalho quando esteve aqui pela primeira há uns três anos. Disse que meus quadros lembram Munch (Edvard Munch, 1863-1944, pintor norueguês autor d’O Grito). Comprou e fez o convite”.
Dorian Gray disse que tem trabalhos já separados,
e como é uma exposição internacional está levando telas que retratam paisagens
de Florença, Veneza e Paris. “Mas tem muito a ser feito ainda”, destaca.
Essa fase produtiva se sobrepõe ao período
que enfrentou problemas de saúde em 2012. “Estive três vezes na UTI, uma atrás
da outra, devido o Diabetes. Por conta da doença tive um enfarte, edema
pulmonar e pneumonia. ‘Quase viajo’, como sequelas estou andando com
dificuldades, sem segurança na perna esquerda”, lamenta. “Não quero isso para
ninguém. Agora a saúde está ótima, perdi dez quilos”. Como resultado, Dorian
carrega pra cima e para baixo uma bengala, que auxilia no deslocamento.
Também poeta e crítico de arte, Dorian Gray
Caldas trabalha na edição de “Do outro lado das sombras”, livro que reúne
poemas escritos entre 1964 e 2005. “São dois volumes que devem ter juntos, mais
de mil páginas e mais de mil poemas”. Ele está na fase final de revisão e, na
mesma mesa onde conversou com o VIVER, ao alcance das mãos, repousam rascunhos
originais e algumas versões pré-impressas do que será o livro - ainda sem data
prevista para lançamento, o título será publicado a partir da parceria entre o
IFRN e a UFRN.
Ele aproveita o ensejo e junta fotografias pessoais, devidamente comentadas, para contextualizar o registro dos escritos e as épocas que o livro atravessa: tem foto de Dorian lançando livro no Rio de Janeiro em 1961 ao lado da esposa Wanda, de Miriam Coeli e Luiz Carlos Guimarães. “Éramos oito naquela ocasião; em outra imagem aparece lendo textos para um jovem Sanderson Negreiros. “Sanderson devia ter uns 16 ou 17 anos nessa foto”, lembra.
Ele aproveita o ensejo e junta fotografias pessoais, devidamente comentadas, para contextualizar o registro dos escritos e as épocas que o livro atravessa: tem foto de Dorian lançando livro no Rio de Janeiro em 1961 ao lado da esposa Wanda, de Miriam Coeli e Luiz Carlos Guimarães. “Éramos oito naquela ocasião; em outra imagem aparece lendo textos para um jovem Sanderson Negreiros. “Sanderson devia ter uns 16 ou 17 anos nessa foto”, lembra.
Abertura
da exposição “Caminhos da Modernidade”, de Dorian Gray Caldas. Hoje, na galeria
de arte do IFRN-Cidade Alta (Av. Rio Branco, 743), às 19h. Em cartaz para
visitação pública até o próximo dia 14 de fevereiro
Fonte: tribunadonorte.com.br
Por: Yuno
SilvaColaboração: Cinthia Lopes, editora
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