Uma nova
estratégia para combater o vitiligo, testada com sucesso em camundongos, pode
ser capaz de impedir a progressão da doença e ainda reverter as manchas brancas
já presentes na pele. O vitiligo é uma doença autoimune em que as células do
sistema de defesa do organismo atacam os melanócitos, células produtoras de
melanina (pigmento que dá cor à pele).
Pesquisadores das
Universidades de Massachusetts, nos EUA, e da Colúmbia Britânica, no Canadá,
identificaram que tanto humanos quanto camundongos com vitiligo apresentavam
quantidades elevadas de uma molécula chamada CXCL10. Os roedores que possuíam
baixas quantidades dessa molécula desenvolviam formas amenas da doença, com
pouca despigmentação.
A conclusão é que
essa molécula funciona como uma espécie de “sensor” para ajudar as células do sistema
imunológico a encontrar e destruir os melanócitos. Os cientistas testaram,
então, anticorpos capazes de bloquear a molécula CXCL10 em camundongos que já
tinham a doença. O tratamento não só freou o desenvolvimento do problema, como
fez regredir as manchas brancas já existentes. Os resultados foram publicados
na revista científica “Science Translational Medicine” nesta quinta-feira (13).
Para o
dermatologista David Azulay, chefe do Instituto de Dermatologia da Santa Casa
de Misericórdia do Rio de Janeiro, que não participou da pesquisa, o estudo
internacional apresenta uma boa perspectiva para o futuro.
“Pelo menos, é uma
coisa bem mais específica do que os tratamentos gerais que se fazem hoje em
dia. Nesse caso, mira-se um alvo que pode realmente ser um grande causador. Mas
não necessariamente o causador em todos os casos.”
O vitiligo é
identificado quando o paciente apresenta as primeiras manchas brancas na pele,
que podem aparecer em qualquer parte do corpo. De acordo com Azulay, o diagnóstico
é essencialmente clínico, não sendo necessários exames adicionais. Além das
manchas, não há outros sintomas físicos.
Segundo Azulay,
existem várias estratégias de tratamento, mas nenhuma garante resultados
definitivos.
“A repigmentação
pode ocorrer mediante vários tratamentos, sobretudo em áreas como o rosto e as
nádegas. Sobre proeminências ósseas, como as mãos, a resposta tende a ser fraca”,
diz o dermatologista.
Entre os
tratamentos atualmente adotados, estão a fototerapia (estímulo pela luz) e os
tratamentos tópicos, que envolvem a aplicação de pomadas associadas a
corticoides. Para o médico, como existem várias causas possíveis associadas ao
vitiligo, é improvável que uma única estratégia, como a descrita pelo estudo,
tenha bons resultados para todos os pacientes.
G1.com
Mariana Lenharo
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