Filé ao molho madeira, filé ao molho branco,
escondidinho de carne e churrasco. Esses foram os pratos servidos aos
convidados para um almoço de degustação de carne de jumento promovido pelo
Ministério Público do Rio Grande do Norte no município de Apodi, região Oeste
do estado, nesta quinta-feira (13). Os animais que foram abatidos e servidos no
almoço foram apreendidos nas rodovias que cortam o RN. A ideia foi do promotor
da comarca de Apodi, Sílvio Brito. Ele explicou que destinar a carne de jumento
para consumo humano pode ser a forma de tirar esses animais das rodovias.
“O jumento era um objeto de trabalho, mas
tornou-se obsoleto com o uso de motos e tratores. É incalculável o número de
animais abandonados por causa desse desinteresse e esses animais estão soltos
nas rodovias causando acidentes”, afirmou o promotor de Justiça Sílvio Brito,
que defende a ideia de que os jumentos apreendidos nas estradas do RN sejam
abatidos e incluídos no cardápio da alimentação de detentos do sistema
penitenciário do estado. Segundo a PRF, de 2012 até o dia 10 de março deste ano
foram apreendidos 3.354 animais nas estradas que cortam o RN - a maioria era
jumentos.
A degustação foi sugerida pelo promotor de
Justiça Sílvio Brito. Os convidados para o almoço aprovaram o cardápio. “É
muito saborosa. É um pouquinho mais dura que a carne de vaca, mas é gostosa.
Vou colocar no cardápio de casa”, disse o professor Pedro Filho, de 44 anos. Ao
todo, foram servidos cerca de 100 quilos de carne de jumento aos convidados.
Todos os pratos servidos foram preparados
pelo empresário Humberto Gurgel Pinto, dono do restaurante onde foi servido o
banquete. “O preparo da carne de jumento é praticamente igual ao da carne
bovina. São muito parecidas. Não encontrei dificuldade alguma. E mais
importante: o pessoal aqui gostou muito, superando nossas expectativas”, disse.
O secretário estadual de Agricultura,
Tarcísio Dantas, esteve na degustação, provou a carne de jumento e também
gostou. “O sabor é agradável, a carne é macia, muito boa”, disse. Dantas
afirmou que a Secretaria não vê nenhum problema no consumo da carne de jumento
e colocou a secretaria à disposição para encontrar alternativas em relação ao
confinamento e abate dos bichos.
De acordo com o promotor Sílvio Brito, os
animais servido na degustação foram vermifugados, se alimentaram exclusivamente
de ração há pelo menos 4 meses, e eram monitorados por veterinários. “É uma
carne segura. Nós não estamos apreendendo o animal e levando para a panela, há
uma preocupação com os cumprimentos das normas dos Ministérios da Saúde e da
Agricultura”, assegurou.
Os 100 quilos de carne servidos são
provenientes de dois jumentos abatidos na quarta-feira (12) no matadouro
público de Apodi. De acordo com o presidente da Associação dos Protetores dos
Animais (APA), Eribaldo Nobre, de 49 anos, os animais estavam em uma fazenda na
cidade vizinha de Felipe Guerra. Os cortes usados no almoço foram picanha,
maminha e colchão mole. Segundo o empresário que elaborou os pratos, os nomes
dos cortes de carne de jumento são os mesmos da carne bovina.
O almoço foi servido para 120 convidados na
parte superior da churrascaria Apodi, mas, segundo o promotor, mais de 300
pessoas comeram a carne. “A carne foi oferecida de graça na parte inferior da
churrascaria para quem quisesse. Mais de 300 pessoas comeram a carne de jumento
e nós ficamos impressionados com a receptividade”, disse Silvio Brito.
Mesmo assim, nem todos em Apodi tiveram
coragem de provar os pratos. Algumas pessoas também reprovaram o abate.
O uso da carne de jumento para consumo humano
não é consenso. Representantes da ONG Defesa da Natureza e dos Animais (DNA)
alegam que se os jumentos forem consumidos poderão entrar em extinção. “Não é
economicamente viável, os jumentos podem entrar em extinção, e essa carne que
foi servida não passou pelo tratamento necessário”, disse a veterinária Kátia
Lopes, da ONG DNA.
O ambientalista Kleber Jacinto defende que é
preciso ação do poder público para solucionar o problema do alto número de
jumentos nas rodovias que acabam causando acidentes, mas que o abate e consumo
humano não é a melhor alternativa. “Se fizermos um comparativo é a mesma coisa
de sair matando os cachorros que moram nas ruas para acabar com um problema.
Não é dessa forma que se resolve o problema. Além disso, ninguém sabe como
esses animais foram abatidos, se foram cuidados, tratados, se tinham alguma
doença. Não foi um processo transparente”, disse.
O promotor, por sua vez, garante que foram
seguias as exigências do Ministério da Saúde. “Os jumentos passaram por
tratamento, estavam confinados na Associação de Proteção dos Animais com
acompanhamento veterinário, não há riscos”, afirmou o Promotor Sílvio Brito.
g1.com
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