9 de dezembro de 2012

A DOR DE UMA SAUDADE

Ceicynha Fernandes

O abraço de minha mãe era confortável, indispensável, um belo refúgio e verdadeiro.
Uma palavra de minha mãe era suficiente, eficiente, sempre certa, dita na hora certa, também confortável e indispensável.
A cama de minha mãe era onde estavam os lençóis mais cheirosos, onde eu pegava no sono assim que me deitava, a mais fofa dentre todas as que existem, mesmo se fosse um colchão de tábua era sempre a mais confortável. O Amor de minha mãe era verdadeiro!
Agora imaginem viver sem TUDO isso!
Imaginem como é deitar na cama e não mais sentir o cheiro recente dela; imaginem precisar de uma palavra de conforto e receber apenas, palavras indiferentes; Imaginem querer um lugar para se abrigar, e até encontrar este lugar, ninguém quer te abrigar.
Quando se perde uma mãe, não só se perde uma mãe; se perde o único abraço verdadeiro. Pode ser que existam outros abraços assim, mas... Você nunca terá a certeza de que os outros são verdadeiros tanto quanto. Você fica sem saber a quem pedir conselhos ou mesmo de quem aceitar tais conselhos, pois, o conselho de mãe é sempre dado para que você não erre ou não cometa o mesmo erro, é para que você seja alguém na vida; já os outros conselhos (conselhos de outros) você também não tem como saber se são verdadeiros ou bem intencionados tanto quanto. Quando se perde uma mãe, aquela cama já não é mais a mesma, não mais lhe trás sono, apenas saudades.
Na gramática da vida de quem perde uma mãe, o termo (status) órfão é sinônimo de perdido. Quando se perde a mãe, se descobre que o melhor despertador não é aquele que se ajusta a hora e se houve um trililim, mas sim, aquele que se ouve um "acorda menina, é hora de levantar".
E para quem fazia as coisas com um único objetivo: Dar orgulho?
Imaginem... Você conclui os estudos, entra na Faculdade/Universidade, tudo para ser aquilo que sua mãe sempre quis que você fosse; médica, professora, engenheira... Alguém na vida, com um futuro que não fosse tão incerto. De repente... Sua mãe se vai para todo o sempre. A quem dar orgulho? A quem dizer ‘eu não disse que eu iria conseguir’! E, pior ainda... De quem você irá ouvir: “eu sabia que você iria conseguir”!
Depois que perdi minha mãe, o jeito é acreditar que ela está vendo tudo “lá de cima” e, mesmo não estando do meu lado, sentirá orgulho do mesmo jeito, do contrário, nada iria fazer, já que a mulher à qual queria dar orgulho já não está mais comigo.
Os filhos que ainda tem a sorte de terem suas mães por perto não têm noção da raiva que os filhos que já perderam as suas sentem ao vê-los batendo o pé, fazendo cara feia, resmungando, respondendo a altura, tentando se igualar, rejeitando conselhos dados por elas; rejeitando carinhos ao invés de recebê-los e retribuí-los.
Nossa... Se os filhos que ainda tem suas mães soubessem a falta que faz aqueles beijos na bochecha que elas adoram dar em público e que eles consideram vergonhosos... Se soubessem, valorizariam mais... BEM MAIS... DEMAIS ATÉ!!!
Enquanto muitos reclamam o fato de suas mães sempre marcarem presença em horas impróprias, como encontros de amigos, por exemplo, os filhos que já perderam imploram para vê-las ao menos em sonhos e, reclamam com a morte por ter sido audaciosa ao deixá-los sem elas. Vivem fazendo perguntas e nunca obtêm respostas.
As mais freqüentes são: “Porquê a tiraram de mim?”, Porque ele não dá valor a mãe que ainda tem e eu não tenho? Porque sinto inveja quando vejo uma mãe abraçando um filho? Porque sinto ódio quando vejo um filho rejeitando o carinho da mãe? Porque Deus não adiou a passagem dela?
São tantas as indagações que norteiam os pensamentos de orfãos de mãe assim como eu.
Fico pensando o quanto ela se orgulharia de mim por ter me visto terminar os estudos, me formar, construir uma família... Porque ela se foi há um longo ano, mas ainda sinto como se tivesse sido ontem?
Há filhos que perderam suas mães há 5, 10, 20, 30 anos, mas a vontade de reencontrá-las é a mesma de sempre, senão maior, a durabilidade da tristeza que sente é proporcional ao tempo em que elas se foram, senão mais.
Todos os filhos que já perderam suas mães aconselham:
-Não espere ela pedir, ofereça antes.
-Não reclame, apenas abaixe a cabeça, pois ela sempre está com a razão. Pode até ser que não, mas... Você é inferior. Se ela diz que está, então você está. Não espere que ela se vá para todo o sempre para aceitar isso.
-Não duvide. Vindo dela sempre será a mais pura verdade!
-Não bata o pé! Bata palmas para tudo que for feito por ela.
-Não rejeite a presença de sua mãe, pois nada nem ninguém, irá compensar a ausência dela.
-Não seja impaciente com os momentos depressivos dela, pois, você talvez seja a causa disso e, mesmo que não seja, tente ser, além de filho, amigo, e dê o que ela precisa; atenção, carinho, etc.
-Nunca pense que os favores que são pedidos por ela têm como objetivo te fazer de escravo “só pelo fato dela ter te posto no mundo”. Você tem uma dívida com sua mãe no valor de R$ ser 1 bom filho.
-Nunca rejeite os carinhos e os conselhos. Todos eles são dados para te fazer feliz e para te proteger, nem que para isso ela tenha que fazer o possível e o impossível.

 Não tenho filho, mas tenho certeza de que não há felicidade maior para uma mãe do que saber que é amada pelo filho e ainda mais, quando ele demonstra isso. Felicidade pra ela, nenhum esforço pra você! Por tanto... Se você tem a sorte de ter sua mãe ao seu lado, desfrute desta sorte e não só diga que a ama como também demonstre, sempre, sempre, sempre!


UM ANO DE DOR, REVOLTA, TRISTEZA E MUITA... MUITA SAUDADE!!!
Ceicynha Fernandes - Santa Luzia PB




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