Com o aumento da demanda por energia no
Brasil, que foi de 3,5% em 2012 segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica), tem crescido também a busca por fontes alternativas para a geração
de eletricidade, como a queima de materiais de origem vegetal.
Uma dessas novas fontes é uma planta chamada
de sorgo biomassa, que pode atingir seis metros de altura de 120 a 180 dias
após o plantio, dependendo da variedade.
A produção de energia termelétrica (gerada
através do calor) com a queima vegetal já é realidade no Brasil. Segundo a UNICA
(União Nacional da Indústria de Cana-de-Açúcar), o bagaço da cana - resíduo da
moagem da planta - gerou 3% da energia elétrica nacional do ano passado. A
grande diferença do sorgo biomassa é que ele será voltado especialmente para a
queima.
Segundo André May, pesquisador que encabeça
os experimentos com a planta na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), os estudos se aceleraram a partir de 2009, e agora já há empresas
e agricultores fazendo testes em áreas extensas, que chegam a até 250 hectares.
“Hoje a demanda do mercado por energia está
aumentando e estão colhendo até palha de cana para queimar, mas existe uma
limitação da retirada do produto”, afirma May.
A Embrapa pesquisa o sorgo biomassa em 500
hectares junto a parceiros. Mas outras variedades de sorgo já são populares no
Brasil, usadas principalmente na alimentação do gado. Para chegar à variedade
atual, a empresa cruzou materiais disponíveis num banco de sementes que possui.
A ERB (Energias Renováveis do Brasil),
empresa que desenvolve projetos de usinas termelétricas para indústrias, estuda
desde 2011 o sorgo biomassa em 60 hectares, numa parceria com a Embrapa. A
partir de 2014, a empresa planeja cultivar a planta comercialmente em 1.500
hectares.
A principal característica da planta é a
proporção mais elevada de lignina, elemento que dá estrutura para os vegetais.
Quanto maior a proporção do material, melhor a planta queima.
Com as pesquisas, a Embrapa já conseguiu
aumentar de 2% para 12% o teor de lignina do sorgo, e a tendência é que a
proporção continue a aumentar rapidamente, afirma May.
André May explica que o
sorgo biomassa sai na frente de outras culturas avaliadas para a geração de
energia, pois cresce rápido, exige menos cuidados do que bambu e eucalipto, por
exemplo, e tem boa produtividade, diferentemente do capim-elefante, entre
outros.
“Enquanto um eucalipto demora seis meses para
se desenvolver, o sorgo precisa de 100 a 120 dias”, afirma Maurício Barbosa,
diretor da NexSteppe, referindo-se às variedade desenvolvidas pela empresa, que
pesquisa matérias-primas para indústrias de biocombustíveis e bioenergia.
A Barbosa destaca ainda a tolerância à
seca como outra grande vantagem do sorgo biomassa.
Nelson Amado, diretor de produção e
desenvolvimento da ERB, destaca que o sorgo tem a vantagem de ser plantado a
partir de sementes, e não partes do caule, como ocorre com outros plantas, o
que facilita o cultivo mecanizado. Além do sorgo, a ERB trabalha também com o
eucalipto e o bagaço da cana como matérias-primas para produção de
energia.
Dessa forma, o sorgo biomassa poderia ser
cultivado nas ‘janelas’ dos períodos em que não há cultivo de milho no
Centro-Oeste, por exemplo, e poderia ser uma atividade complementar para os
agricultores da região. Segundo May, da Embrapa, a planta deve ser cultivada
preferencialmente do começo ao final de novembro.
A NexSteppe afirma que a tonelada do sorgo
biomassa é cotada entre R$ 48 e R$ 55 - uma tonelada de bagaço de cana custa
entre R$ 55 e R$ 70.
A variedade desenvolvida pela Embrapa atinge
até seis metros de altura num período de 150 a 180 dias, o que faz sua
produtividade variar de 30 a 50 toneladas de massa seca por hectare - o
capim-elefante, por sua vez, tem produtividade de apenas 35 toneladas por
hectare, segundo a Embrapa.
Segundo Barbosa, da NexSteppe, as variedades
de sorgo biomassa da empresa atingem de quatro a seis metros de altura e produtividade
de 20 a 40 toneladas de massa seca por hectare.
As sementes, que antes eram importadas da
Bolívia e dos Estados Unidos, já são produzidas no Brasil. Além da NexSteppe e
da Embrapa, também a empresa Ceres pesquisa o sorgo biomassa.
Fonte: uol.com
Por: André Cabette
Fábio
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
Fique a vontade e volte quando quiser.
Deixe seu comentário no quadro abaixo.
Bjussss Rosélia Santos.